quinta-feira, 28 de novembro de 2024

coisinhas

Quem tiver paciência, tempo, falta do que fazer, etc., e se dedicar à leitura deste blogue desde o day one, perceberá que já fui muito mais (mas muito mais) "moralista", do que hoje sou. Já passei por muita coisa, já li/ouvi muito sobre assuntos sentimentais/relacionais e já conheci muita realidade paralela. Portanto, se as pessoas são, e estão, felizes de determinada maneira, quem sou eu para criticar? Apontar o dedo? Dar conselhos? "Ninguém", como diria o outro. 

É claro, que se for alguém muito próximo da minha vida "real", posso avançar com algumas questões, tentar perceber se a pessoa está OK com a situação, se sente confortável, etc., mas tento não ir além disso. Vou até onde a pessoa me permite chegar, e sempre - ou na maioria das vezes - após solicitação do outro lado, para entrar neste tipo de conversa. Não me acho no direito de censurar, o que quer que seja, porque só quem "está dentro do convento, sabe o que lá vai dentro".  

Presentemente, existem tantas formas de relacionamento, que uma pessoa perde-se nos conceitos, nas especificidades e nas regras. Sei lá, é todo um mundo novo, e quando digo que sou tendencialmente monogâmico, há sempre alguém que me diz, que sou eventualmente assim, porque tenho como referência os relacionamentos do antigamente, como dos meus pais ou avôs. Compreendo a chamada de atenção, até porque hoje as pessoas não estão tão predispostas para aceitar certas coisas (e há situações que não o devem mesmo fazer, porque ninguém merece estar num relacionamento tóxico, só porque sim), nem existe a mesma vontade de consertar, lutar, cuidar e aceitar o outro com é. 

Contudo, e apesar da existência de uma nova panóplia de relacionamentos, e antes de avançar logo para a modernidade da coisa, devemos primeiro, conhecer-nos e tentar perceber até onde conseguimos, e estamos dispostos a ir, mas acima de tudo, entender o que permite ser feliz. O que nos deixa confortáveis. E leves de espírito. Não podemos ser algo que não somos, só para agradar à pessoa de quem gostamos, e não podemos, em nenhuma altura, anular-nos como solução para salvar um qualquer relacionamento. 

Para mim, namorar alguém, significa construir algo em comum, assente num sentimento mais forte que o amor da amizade. E embora possa sentir desejo, por vezes, pelos corpos de terceiros, sei, que só me sinto confortável a ter sexo com a pessoa de quem gosto. E portanto só faz sentido para mim, pinar com quem namoro - ou quando não namoro, com alguém por quem tenha carinho. Logo, não tenho necessidade de estar com outras pessoas, despejar os tintins, e voltar à minha vida "normal". Não sei. Não tenho essa vontade - e não sei se algum dia a terei, sinceramente, de ter "só" sexo. 

Sou muito sentimental. E sempre fui assim. Por isso, relacionamentos abertos, nunca funcionariam comigo. Não era capaz de viver na incerteza diária do "e se ele se interessar por outro", "será que está a fazer assim ou assado" ou "será que está em casa ou está na casa de algum". Adicionalmente, sempre fui ciumento com as minhas pessoas (incluindo familiares e amigos) e ligeiramente possessivo. Ou seja, iria andar sempre infeliz, e miseravelmente paranoico. Para isso, se necessário, fico no conceito da amizade colorida, cujas regras para mim estão mais que definidas. Lá está, não consigo avançar em relacionamentos, sem ter presente normas, condições ou limites. Não sei ser - nem quero ser, "solto" em namoros ou casamentos. Gosto de saber como é, de que forma é e até onde posso ir, porque não consigo viver, sabendo que magoei alguém só porque sim. Ou se posso "queixar-me" com propriedade ou não. Ou se faz sentido estar em determinadas situações, ou se estou a mais. 

 

Talvez por isto, nunca tenha conhecido ninguém do Grindr (ou Tinder), ao vivo, até hoje.  

2 comentários:

  1. Eu acompanho-te desde o início e sempre te achei divertido, brincalhão, com momentos de melancolia e tristeza também. Moralista, não me lembro. Olha, eu sou ao contrário: já fui menos e agora sou mais.

    Posso-te falar do que vivi. Tive a sorte (porque é mesmo sorte) de ter conhecido um rapaz maravilhoso, que se criou numa aldeia pequena, e que não tem maldade nenhuma. Nunca esteve no meio gay nem sabe o que é isso. É das melhores pessoas do mundo, e não to digo porque o amo. Todos o adoram, todos. Os pacientes, os colegas, etc. Portanto, ou muito me engano ou nessas apps anda quem já está muito batido (não foi em nenhuma que conheci o meu marido, naturalmente).

    Conheci-o sabes como? Ele de turista em Lisboa. Em Belém. Eu nunca ia para Belém, sobretudo por ser uma zona relativamente longe de onde morava e o meu passe nem cobria a zona ocidental da cidade. Mas naquele dia fui. Trocámos olhares. Eu abordei-o. Convidou-me para tomar um café e... até hoje. Mudei de país, construímos uma família, comprámos casa. A minha vida deu um giro de 180 graus. Sei que são estórias raras, provavelmente uma num milhão, mas ainda podes (e vais) ser feliz, com mais ou menos fairytales. :)

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    1. Já dizia o outro* das cantigas:

      Já não há canções de amor
      Por não haver quem acredite
      Já não há canções de amor
      Por não haver quem acredite

      Sendo que as histórias de amor, devem seguir o mesmo critério. Eu continuo a acreditar que sim, e serei sempre um romântico até morrer. Obrigado pelo teu testemunho Mark'zinho, porque como eu, deverá dar alento a muitos outros que o lerem.


      *Rui Veloso

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