sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

aniversários

O M. fez anos este mês e convidou-me para o aniversário dele. Bom, dizer "convidar", é uma forma mais simpática de dizer que praticamente me "obrigou". E eu só fui porque era ele. Porque a minha vontade em sair de casa, é cada vez menor, e se for para sítios onde existam muitos gays por metro quadrado, ainda pior. Não é que fosse o caso, porque era um jantar, num restaurante "familiar", mas a minha cabeça - como sempre - começou logo a viajar na maionese, e teci cenários de "bairros""Trumps" e coisas conexas. E para isso, não estou disponível. Se é que alguma vez estarei. Não só, porque já tenho 44 anos, e logo, pouca paciência, mas também, porque vivo com uma vergonha permanente do que me aconteceu. Não é que eu tenha de a ter, mas tenho. E muita. 

Antes da hora combinada, passei pela casa do M. - onde já estava um amigo, para lhe dar a prenda de anos. Estava com medo, mas ele adorou. Falhei apenas no tamanho do pé, mas nada que não fosse passível de uma resolução fácil. Dali, seguimos para o restaurante, para encontrar o resto das pessoas do M. Como é compreensível, não estava nos meus dias, e ainda estava a digerir algumas das mensagens que tinha recebido momentos antes, sobre que tinham feito isto e aquilo com o meu ex-namorado. Tentei ser simpático, cordial, contar histórias e rir. Por momentos consegui. Por momentos, sai da minha "realidade fatual", e consegui ser aquela pessoa que sou, e não fiquei agarrado à pessoa que me tornei. 

Mas ver todas aquelas pessoas que o M. adora, a mostrar afeto por ele, consideração, amizade genuína, agradecimentos profundos por tudo o que ele fez por cada um deles, com um brilho nos olhos, deu-me novamente esperança que ainda existe malta com princípios, e que os gays, principalmente os gays, não são todos uma merda. Aliás, como lhe disse na mensagem que lhe enviei logo de manhã: a tua existência na minha vida, serve para me mostrar que ainda existem boas pessoas, e acima de tudo, faz-me acreditar que não são todos iguais. 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

vale tudo

Sobre o ícone da teledramaturgia brasileira, a novela Vale Tudo, tenho fragmentos de memória, porque ainda era muito miúdo na altura - sim, já fui uma criança. Mas lembro-me perfeitamente da personagem da Regina Duarte, a vender sanduíches na praia, da "velha má" e do genérico com a canção "Brasil", interpretada pela Gal Costa - só mais tarde é que conheci a cantora. 

Agora que a TV Globo "fajános", para comemorar a data, surge um remake dessa novela, com estreia já para março. Confesso que já não vejo novelas há anos, mas estou com curiosidade em relação a esta versão. Além disso, transporta-me para um tempo, onde acreditava no mundo e nas pessoas, e em que vivia entre a casa da Avó Maria e Avó Glória, e ainda, da Avó Margarida. 

E meus senhores, respeitável público, e demais entidades, que por aqui passam... o Cauã Reymond... está que está! 


Fonte: TV Globo


constatações

Li em tempos, no X, que a única forma de se ultrapassar um relacionamento, é com tempo, música e terapia. Efetivamente, julgo que quem escreveu isso, tinha razão. Já se passaram quase 6 meses, e embora muitas coisas ainda pareçam estranhas, já não estou, como estava em setembro. Estou a ver as coisas com mais clareza, ou de outro prisma. Quem sabe, a ficar ainda mais maduro. Ou indiferente. 

Só sei, que a cada dia que passa, há sempre alguém que me vem contar alguma coisa, enviar-me um print de uma conversa, ou fazer questão de me dizer, que fodeu com o meu ex-namorado (mesmo quando já não tenho nada a ver com isso). Não sei qual é a necessidade destas merdas, mas sinceramente, também prova aquilo que já sabia: que Lisboa é um penico e que os gays são maus - e sem noção. Mas quem me mandou a mim, namorar um Pop Star?

Claro que as coisas são o que são, e a vida não pára, mas isso não quer dizer que não custa. Claro que custa. Custa muito. Não é fácil. Também não é fácil discutir com a minha mãe, por uma merda que ela fez - e eu não gostei - e ela atirar-me à cara "que os teus amigos fazem de ti gato-sapato". Aquilo atingiu-me de tal forma, que não chorei por vergonha. Porque sei que é verdade, porque sei que tenho esse tipo de personalidade, e porque ao fim ao cabo, foi o que meu ex-namorado me fez.  

Hoje, começo a entender certas coisas de outra forma. As "bocas" que eram apenas brincadeiras, a minha diminuição enquanto pessoa (física e psicologicamente, falando - que me fez duvidar de tudo, até de mim), as mentiras, os enganos, o beber sem controlo (em jantares com amigos, porque me queria sentir "bem", mesmo quando não estava), ou até mesmo, quando ouvia "não tens de ter ciúmes ou de te preocupar", porque "é só falar", mesmo quando não era/foi. Aliás, houve muitas coisas ditas, que me balançaram. Críticas subliminares, que não tinham uma ponta de verdade, mas que faziam o seu propósito. Faziam-me sentir a pior pessoa do mundo. O "não merecedor" de ter um namorado assim. Cometi tantos erros, que vejo que deixei de ser eu próprio. Como, por exemplo, acumular dívidas colossais, para acompanhar o estilo de vida dessa pessoa, porque caso contrário "iria arranjar outro com mais poder económico e terminar tudo". Embora, no balanço final, vejo que todos os meus medos foram injustificados, porque o namoro chegou ao fim de qualquer forma - mesmo que tenha tentado, todos os dias, mantê-lo à tona.  

Hoje também, vejo que um relacionamento não é o que tive. Tem de ser leve. Sem acusações tontas, com o objetivo de desviar a atenção do que se passava nos bastidores. Um relacionamento tem de ser igual, em partes iguais, com responsabilidades iguais. Sem cobranças. Sem necessidade de criar inseguranças, ou ter atitudes estúpidas, que nos deixam tristes, perdidos no olhar, sempre a pensar, que não merecíamos aquela pessoa ou "na sorte que tivemos, e por isso, temos de aguentar tudo, porque é mesmo assim". Um relacionamento não nos deve fazer optar entre nós, e os nossos amigos, ou se preferirem, não serve para nos humilhar com discussões idiotas, em frente de pessoas, que ao fim ao cabo, são a família que escolhemos. E onde, aconteça o que acontecer, nós seremos sempre os maus da fita. Mesmo quando não o somos.


Sim, começo a concluir, que vivi um relacionamento tóxico. 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

dia dos namorados

A passar no vosso ecrã, para vos desejar um Feliz Dia dos Namorados.


No que me diz respeito, bom, sempre poupo dinheiro - AHAHAHAHAH!

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

ginásio

Domingo passado, fui ao gym de tarde, fazer um cardio básico, sozinho, para pensar na vida - aliás como tem sido hábito nos últimos tempos. E até gosto - não achem deprimente s.f.f. (AHAHAHA). 

Estou a entrar nos balneários, para ir fazer um pouco de sauna, ou banho turco, ou ambos, para tomar um banho tépido de seguida, para depois, ir para casa descansar e gozar o resto do domingo, quando encontro um velho, todo nu, aos berros. "Uma vergonha" para lá, "uma falta de respeito" para acolá, um "não admito" ali, um "isto não é uma sauna gay" aqui, e uma gritaria que não se podia. Chamou o Personal Trainer da sala, continuava todo nu pelos balneários afora, a abanar a pilinha, a gesticular, a berrar, e eu, bom, eu só estava a achar aquela cena toda inacreditável. Enfiei-me no banho turco, para ver se conseguia uns minutos de sossego, mas o velho entrou logo a seguir. 

Todo nu, continuou ao berros, a contar o que tinha acontecido aos outros velhos que lá estavam. Que não era xenófobo, e não tinha nada contra brasileiros, mas desde que foram para aquele ginásio, aquilo nunca mais foi o mesmo. Que não tinha nada contra gays, mas aquilo não era uma sauna gay e tinham que se saber comportar. Que isto e aquilo, mas não tinha nada contra. E que, qualquer dia, estavam a foder no passeio, na rua. Que não havia respeito. Que isto e aquilo. Ó foda-se, eu também não tenho que estar a levar contigo, todo nu, a desfilar pelo ginásio, ou a ouvir-te aos berros, quando só quero descansar a cabeça uns minutos, e aqui estamos, não é, Manuel Acácio? 

E tudo isto porquê? Porque pelo que percebi, estavam dois brasileiros na sauna, que se tocaram ou estavam a tocar-se. Não percebi bem. Mas era preciso este festival todo? Não contente, ainda pediu o livro de reclamações, e esteve para lá escrever não sei o quê. Vão colocar um jeitoso todo nu, na sauna a controlar? Yes, please. Ao menos lavamos as vistas, que aqueles velhos só falam alto ou berram, e não há nada de jeito para se ver ali.  

Eu sei que há malta que abusa. Ainda noutro dia, estava a tomar banho, e num dos chuveiros do canto, estava um velho a bater uma... tipo, menos. O espaço é partilhado, caramba. Tenham um bocado de noção. Mas também não foi por isso que chamei alguém ou pedi o livro de reclamações. Ia reclamar do quê? Assistir a uma punheta não solicitada? 


By the way, eu ia jurar que já o vi no engate, com outros velhos naquele ginásio, mas também não tenho a certeza, pelo que fiquemos no campo das hipóteses. E sem mais grandes conversas, porque eu só não quero que me chateiem. Muito. 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

dates

Se conhecer pessoas aos 30's, quando era - e estava solteiro, já era complicado - e muito difícil, imaginem agora aos 44 anos - que estou novamente solteiro.  

Agora pensem. 

coisinhas


No ginásio: 

Senhor (que só tem mais 5 anos que eu): Então? E como é logo?

*pânico*

Eu: Logo? Como assim? 

Senhor (que só tem mais 5 anos que eu): Sim, pah! Quem ganha Porto ou Sporting? 

*respiro de alívio*

Eu: Ah isso. Não sei. Para mim acaba por se um pouco indiferente. 

Senhor (que só tem mais 5 anos que eu): Ahhhhhh já percebi que és do Benfica. 


E eu só conseguir esboçar um sorriso amarelo, ao mesmo tempo que pensava: não, é mesmo por ser gay e não ligar nada a futebol. 

sábado, 1 de fevereiro de 2025

fevereiro

 "Em fevereiro, chega-te ao lameiro!"


Vamos só passar por cima do dia 14.

Muito Obrigado.