Disse-me um amigo meu, que um casal que ele conhece, se
separou após 7 anos de vida em conjunto porque “já não havia chama”. Já viviam
juntos, dividiam despesas, compraram coisas os dois e depois… olha depois
acabou. Não é fácil ter uma relação duradoura. Não é fácil aceitar coisas e
muito menos perdoar (e embora se perdoe fica sempre uma mancha que não sai).
Manter uma “chama acesa” requer muita capacidade de encaixe, de cedência e de
fuga ao facilitismo. Obviamente, que uma relação que já dure há um bom par de
anos, estagna a determinado ponto, porque as pessoas, queiram ou não, acomodam-se
e desistem de “provocar” a outra parte. Contudo, acho que se as pessoas se
amarem, se cuidarem e se esforçarem, conseguem ir inimizando (ou eliminando) o
impacto de muita coisa negativa.
A verdade, é que
quando se inicia um relacionamento, pensamos logo que é para a vida e será tudo
cor-de-rosa. A verdade, é que na mínima dificuldade achamos que “se calhar não
vale a pena” e que “estamos a perder tempo, tendo em conta a variedade que há
por ai”. Há pessoas que acham que existem várias almas gémeas pela vida fora,
outras que acreditam que estar sozinho é o melhor, outras que acham que não
arranjam “melhor” e outras tantas situações que nos fazem ser todos diferentes.
É verdade também, que não temos que fazer fretes e aguentar um relacionamento
só porque sim, mas vejo (e já falei disso) que hoje é tudo mais descartável, e
ao comparar com a realidade heterossexual, como me disseram alguns bloguers (como
o Leonel) é natural que as relações durem mais porque por vezes existem filhos,
existem empréstimos, existem tantas coisas que amarram as pessoas que acabam
por não terminar as suas relações.
Os meus pais por
exemplo, do que me lembro o relacionamento deles, nem foi sempre bom e correu
tudo bem. Tiveram (e ainda têm) momentos horríveis de discussões parvas, e numa
altura que tinha 6/7 anos, tiveram para se separar porque a minha mãe não
aguentava a “vida boémia” do meu pai (ele era presidente de uma associação
desportiva e praticamente não estava em casa). A verdade, é que continuaram
juntos. Não sei se por mim e pelo meu irmão, se pelos empréstimos bancários ou
por outro qualquer motivo, mas continuam juntos. E acredito que passados 37
anos de vida comum, uma pessoa já não vive em mentiras. Já se conhecem
demasiado bem para se enganarem um ao outro. E no telefonema que o meu pai me
fez, preocupado com a minha mãe porque no hospital ninguém dava notícias, verifiquei
sinceridade (e porque não dizer amor) naquela atitude (ainda por cima num homem
que sempre foi duro, nunca mostrou o que sentia e que sempre achou que os
filhos tinham que ser machos latinos) e fez-me crer que ele gosta mesmo dela. Obviamente,
que se os meus pais concluíssem que estariam melhor separados do que juntos, eu
compreenderia, porque a infelicidade não é caminho para ninguém (da mesma forma
que compreendi, porque é que a minha avó fugiu – e mais tarde se divorciou – do
meu avô.