Primeiro, vou respirar fundo porque os vários médicos disseram-me que não posso enervar sob pena de ter outro "episódio". Segundo, vou respirar mais uma vez just in case.
Vá, vamos lá àquilo que me atormenta. Eu ainda sou do tempo (sim, eu sei que é de um anúncio do século passado) que não havia Instagram, sendo que também sou do tempo em que o Instagram apareceu, sendo que ainda consigo fazer a proeza de ser do tempo, em que o Instagram ainda mexe. "No início era o verbo", e haviam poucos portugueses nesta rede social e era tudo cool. Conseguiam-se ter "conversas" decentes com estrangeiros, e gostávamos das fotografias porque eram mesmo boas (ou por outro motivo qualquer, mas sempre genuíno), e não havia cá o frete do "segue-me" que "eu sigo-te também". E era por causa disto que eu preferia o Instagram ao Facebook.
Entretanto, as coisas de lá para cá mudaram, e as pessoas agora acumulam seguidores, gostos, intercâmbios de divulgação de perfis, anúncios sobre as suas páginas no OnlyFans (onde estão semi-vestidos ou com a pilinha toda de fora, na esperança de obter um salário "disto" - ao invés de trabalhar como um "home" pah!) e fazem vídeos tipo "snapchateanos" onde tentam interagir com as pessoas. Bom, tentam. Porque permitem que as pessoas enviem mensagens, às quais nunca respondem, ao mesmo tempo que querem, que essas mesmas pessoas comprem as coisas que eles anunciam, ou utilizem os cupões de desconto com o seu nome para eles ganharem qualquer coisa, sendo que ainda querem que se subscreva planos de treino "muito em conta", e que se salve gatinhos com donativos.
Mas uma dúvida assalta-me permanentemente. Ora, se há várias pessoas que mandam mensagem na esperança de interagir com "aquela figura pública do Instagram" (ou em inglês, "influencer") porque gosta, porque lhe acha piada, porque lhe dá tesão, porque tem um sentido de humor equivalente, ou por outra coisa qualquer, e se a abordagem é continuamente ignorada, expliquem-me d-e-v-a-g-a-r-i-n-h-o porque estou combalido (e como se fosse uma criança de 4 anos), porque r-a-i-o é que uma pessoa que é constantemente menosprezada, vai a correr comprar as coisas que se anunciam, ou usar um cupão manhoso qualquer, ou contratar algum personal trainer, ou ajudar a salvar aquele animalzinho fofinho que nem sabemos sequer que existe, se nunca, mas n-u-n-c-a, há feedback do outro lado? Devem ir devem. Vão, o c-a-r-a-l-h-i-n-h-o. Ou pelo menos não deviam.
Ok, ok, já sei o que me vão dizer... "mas olha lá, existe pessoal que tem mais de 1000 mensagens por dia e não se consegue responder a todos". Pois, dá trabalho. Pois dá, eu sei que dá. Também já passei por isso. Mas a pessoa, ou aceita ao que vai, ou então está quieta. Ninguém é obrigado a aceitar mensagens ou comentários, ou até ter um perfil público. Mas se tem, e aceita receber contactos de terceiros, conhecidos ou desconhecidos, na minha modesta opinião, deveria de fazer um esforço para responder com um "obrigado", com um "olá", ou então com um qualquer smile ranhoso. Não responder, para mim, é s-ó falta de educação. Principalmente quando se utiliza o Instagram como uma plataforma de "negócio". Mas isto sou eu que tenho a mania e sou um bocadinho parvo. [aliás em linha com o que já tinha escrito aqui]
Ah e tal, mas eu sou um "influencer". Olha, "influencer", o caralho.
E pronto, lá se foi a calma para as urtigas.