Ponderei muito em escrever esta publicação. Primeiro, porque a
história não se passou comigo, e segundo, porque não pedi autorização à pessoa
para a contar. Não ficaria minimamente preocupado com esta última parte, se a
pessoa não lesse este blogue, embora de forma anónima (nunca comentando), nem
fazendo conversa comigo sobre o mesmo. Talvez porque tenha medo, que depois eu
perca a tal “liberdade”, que falei noutro dia, noutro texto. Mas a verdade, é
que desde que ele me contou… o que irei escrever de seguida, que o assunto não
me sai da cabeça… principalmente porque nunca pensei que pudesse acontecer algo
semelhante. E pela maneira que me contou e a expressão facial que produziu
quando o fez, vi que o assunto não está resolvido.
Há uns anos atrás,
esse meu amigo foi conhecer um rapaz com quem falava na internet. No mIRC,
julgo eu. Aliás como muitos de nós já o fizemos, seja através dessa aplicação
ou outras mais evoluídas. A verdade, é que quem frequentava o mIRC, sabe que
raramente se enviava fotografias do rosto, sendo que muitas vezes, íamos “às
cegas”. E eu fui um desses. Quando achava que a pessoa era de confiança,
marcava um café… e lá ia eu, mesmo sem saber de facto de quem se tratava. Se
fosse hoje não o faria. Mas adiante.
A história começou no mIRC. Desenvolveu-se. Trocaram-se
contactos. Falava-se imenso. E resolveu-se efetivar um encontro ao vivo e a
cores. Tudo parecia correr bem. Depois, para primeiro frente-a-frente optaram
por um programa ligeiro: um cinema. E assim foi. Na altura nas Twins
Towers. Encontraram-se, julgo que se tenham cumprimentado, falado alguma coisa
e só depois é que entraram para assistir ao filme. Na altura do intervalo, o
rapaz disse ao meu amigo que ia à casa de banho e que já voltava. Mas não
voltou. Deixou-o simplesmente sozinho sem lhe dizer mais nada. Nada. Nada de
nada. E depois, julgo que terá “morrido” também para a vida.
Também tive muitos encontros nessa altura. E como
puto estúpido que era, ia naquela que iria encontrar o homem da minha vida. Ou
melhor, queria corresponder o que tinha imaginado à pessoa real. E isto nunca
se concretizou. Porque a pessoa real não é uma personagem. Fiz muita coisa que
me arrependi. Nomeadamente deixar de falar a pessoas posteriormente aos “dates”.
Ou seja, foi-se perdendo o contacto e o encanto. Talvez hoje, eventualmente, até poderiam ser as minhas melhores amigas. Mas como já escrevi, era estúpido, preconceituoso
e imaturo. Mas nunca. Nunca disse a ninguém que ia à casa de banho e fugi. Sim. Porque é disso que se trata. Estamos a falar de cobardia pura e dura. Obviamente
que não sou hipócrita. Há pessoas que gostei de conhecer, outras nem por isso.
Mas tinha um lema. Deixava o café fluir ao mesmo tempo, que tentava sentir a
pessoa. Se visse que havia correspondência na conversa e nos interesses,
deixava-me ficar até o outro lado dizer que tinha que se ir embora. Caso
contrário, sabia que tinha um autocarro a determinada hora, e não deixava ultrapassar
esse horário, sob pena de ficar em “terra”, sendo que a outra pessoa, eventualmente, não merecia isso.
Mas o que me chocou na
história do meu amigo, foi a facilidade com que alguém se esquece,
propositadamente, que todos vivemos de sentimentos e que as atitudes deixam
marcas. Porque esse cabrão (para não lhe chamar outra cosia pior) só demonstrou
com essa atitude, que a sua qualidade enquanto homem é nula. Que não tem
valores. E que é idiota. Mas como tudo na vida, acredito que esta se
encarregará de lhe dar as tampas necessárias até esse cabrão perceber que a
mágoa é coisa que fica e machuca.
E sejamos sinceros
meus amigos, a verdade, é que quando embarcamos neste tipo de aventuras, temos
que ir de peito aberto e não criar a expectativa, que vamos encontrar o príncipe
encantado. Vamos acima de tudo, encontrar pessoas. Que choram. Que riem. E a
quem podemos agradar. Ou não. Ou ficarmos agradados. Ou não. Temos que ser
educados e homenzinhos, porque “não faças aos outros, o que não gostavas que te
fizessem a ti”. E fugir nunca será opção.