quinta-feira, 31 de outubro de 2024

pessoas

*plim *plim no Instagram


Pessoa: estás todo jeitoso! Adoro!

Eu: obrigado <3

Pessoa: o teu amigo também é todo hot!

Eu: qual amigo?

Pessoa: o "tal". 

Eu: ah... é o meu ex namorado. 

Pessoa: sério? Olha, leitava aquele rabo todo.

Eu:... 

Pessoa: mesmo separados, continuam a comer-se? 


Tipo, o que se passa convosco, pessoas? Está tudo bem? Não têm tomado os comprimidos? 

calendário blogosférico | 2015

 Oh pah, que saudades!

<3

constatações

Obviamente que não cheguei. Não servi. Não fui suficiente. Não era o bastante para o meu ex-namorado. O meu corpo, pele e cheiro, não satisfizeram, e a minha maneira de ser, foi um "tanto faz" na ponderação de "estas atitudes vão magoá-lo ou não?". Basicamente, acabei por ser algo dispensável, ou simplesmente uma "coisa", que estava ali, como podia não estar. E apesar dele me dizer "que os 14 anos não foram uma fraude", eu sinto que foram. Que foram um desperdício da minha vida. Que foi um tempo perdido. Mas se ele não queria, ou estava farto, porque não me disse? Porque insistiu neste relacionamento em 2014, se eu era assim tão descartável? São questões que sei, que nunca vou ter resposta, mas que ecoam todos os dias no vazio da minha mente, quando penso na lógica (que não existe) disto tudo. 

Tento, não viver (muito) martirizado com o facto, de que poderei ter sido "pouco", porque sei que não havia nada que pudesse ter feito, efetivamente, de maneira diferente. De vez em quando, ainda penso: "e se". Mas, o "se", é um exercício muito inglório ou ingrato, porque nunca vou ter a certeza que o resultado seria diferente. E no fundo, sei, que seria igual. Há pessoas sem capacidade emocional de querer o bem do outro - ou de se preocupar, e cujas suas necessidades primárias serão sempre mais importantes do qualquer mágoa que possam causar a terceiros. São assim. Há que aceitar. 

Os meus amigos dizem-me "o que aconteceu não foi culpa tua e não havia nada que pudesses ter feito de maneira diferente". Eu sei. Todos sabemos. E o que muda? Nada. Também me dizem "estás giro", "ninguém te dá os 44", "estás com o melhor corpo de sempre, nunca estiveste assim" e "és muito boa pessoa, e alguém te irá valorizar por isso". Embora sobre estes elogios (que não sei se serão de pena ou comiseração), a minha autoestima não permite fazer uma avaliação isenta, apesar de ter consciência, que me sinto cada vez melhor, fisicamente falando, e que apesar de tudo, não sou uma "grande merda" - como me sentia há dois meses atrás. E se sei isto, o que muda? Nada. Porque a sensação de falhanço prevalece a cada dia. 

passados

No começo do meu percurso blogosférico, seguia um blogue chamado "single, white, male". Bom, nesta altura da vida até poderia até ser eu... estou solteiro e sou homem. O "white" é que pronto... estou mais para branco sujo ou creme, do que propriamente branco. Mas cada um é como é, e Deus sabe de todos - sim, eu sei que a "cena" não é assim, mas deixem-me. Estou combalido do coração. 

By the way, o que acharam do novo grafismo do blogue? Assim, um coração despedaçado? Cute, não? Ou era isso, ou o dedo "do meio" em riste. 

recomeços

Por vezes acho que devia sair daqui e recomeçar noutro sítio qualquer. 


Longe.


Pelo menos, o recomeço possível. 

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

flowers | miley cyrus







Resolvi reciclar uma das ideias do meu "blogue da pandemia", a que dei o título de Canção do Dia - até porque este projeto, também tem canções, músicas e registos musicais, que pautam e marcam, o meu percurso - bom e mau.  

E para inaugurar a mesma (que fará parte de uma playlist a disponibilizar brevemente), como não poderia deixar de ser, tinha que ser a Flowers, da Miley Cyrus. Podem ler aqui o quão importante esta canção é para mim. Até porque há registos que chegam na altura certa, que nos impactam do dia para a noite, e nos empurram para a mudança. Inevitável. E necessária. 

We were good, we were gold 
Kinda dream that can't be sold 
We were right 'til we weren't 
Built a home and watched it burn 

Mm, I didn't wanna leave you 
I didn't wanna lie 
Started to cry, but then remembered

I I can buy myself flowers 
Write my name in the sand 
Talk to myself for hours 
Say things you don't understand 
I can take myself dancing 
And I can hold my own hand Yeah, 
I can love me better than you can

terça-feira, 29 de outubro de 2024

quotidiano

A vida corre. Sem parar. Sem contemplações. Sem penas. Nem considerações. A minha, em especial, vive oscilante entre o drama e a euforia. Entre esquecer velhos hábitos e adquirir novos. A tentar perceber quem sou, para onde vou e essas coisinhas todas. No somatório dos meses, vivo, sem ter direito a pausas para respirar fundo. E a brincar, a brincar, estou quase em 2025, onde farei - se lá chegar, 45 anos. 

Não estou com muita paciência para grandes feitos, nem para "birras" de pessoas que não conheço de lado nenhum, e que acham, que por me seguirem em determinada rede social, lhe devo justificações do que quer que seja. Como aquele cromo pseudo-PT, que a uma reação minha, a uma story sua (foi uma risada a uma situação, ok?), me manda uma mensagem do nada: "desculpa, mas não fazes o meu estilo, porque quando estou com uma pessoa quero sentir que é só minha, e que não está com outra pessoa". Mas ó caralho, mas eu disse que queria alguma coisa contigo? Ou que estava à procura de algo? Ou até mesmo que tenho que te justificar o que quer que seja? Se estou solteiro ou não? Foda-se, os gays em Lisboa estão cada vez mais idiotas, parvos e divas. 

Reparo, que desde 2010 para agora, mudou o "masculino, discreto e fora do meio", e portanto, do medo constante em ser descoberto como "gay", para o "somos todos influencers do caralho, e portanto podemos dar desprezo a torto e a direito, mesmo que a pessoa não queira nada connosco". Por isso, é que é tão difícil ter um relacionamento no "mundo gay". Não só, porque não existe responsabilidade afetiva sobre nada e sobre ninguém, mas também, porque os gajos apenas querem colecionar o maior número de quecas possível. Nada contra. Mas também nada a favor.

Parece que me estou a queixar de estar a ser desprezado (ou ignorado), mas não estou (neste momento estou-me é a cagar para os gays, com a mania que são a última bolacha do pacote - quero sopas e descanso de gajos tóxicos), contudo, isso não invalida o facto de me sentir possuído com estas atitudes de merda. Com homens que já deviam de ser adultos, mas continuam a comportam-se como autênticos adolescentes. Vão andar nesta vida de desresponsabilização emocional até os 80? É isso que a maioria das pessoas procura? Digam-me já que sim, para eu ter ainda mais a certeza, que quero continuar sozinho.  

Como disse à minha terapeuta, o "mundo gay" é horrível. Afetivamente falando. Ninguém respeita ninguém, a competição entre gajos para ver quem consegue levar para a cama o "gajo-troféu" é gigante, e parece que vivemos sempre num clima de filme pornográfico contínuo. Lá está, escrevo estas cenas, e depois tenho que levar com um "és conservador". Estou-me bem a cagar para o que cada um faz da sua vida, e aquilo que procura. O que me chateia mesmo, mas mesmo, é que se atropelem sentimentos dos outros só porque sim, ou porque nos estejamos a marimbar simplesmente para terceiros. É pah, desculpem-me os mais liberais, mas acho isso errado. Brincar com os outros, e a vida dos outros, não é nada. Não é ser anti conservador. É mesmo ser um merdas.   


Sim. Estou um bocadinho revoltado com gente estúpida.  

(quase) certezas

Não tenho muitas certezas na vida neste momento, mas se há coisa que tenho consciência, é que nunca mais vou namorar com Pop Star's. Não tenho equilíbrio emocional suficiente para saber lidar com a exposição do namoro, com as abordagens "caridosas" ou "sinceró-irónicas" ("tens muita sorte em andar com ele, que ele é muito giro e com um grande corpo. Devias agradecer ao Universo."), e tentativas básicas para conseguirem ter alguma coisa com a tua cara-metade ("desculpa, mas fazem a 3? Também se fizessem, só estava interessado nele."). 

Além da merda de autoestima com que se fica.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

honestidade

NA: tu és um dos gajos mais honestos que conheço. 

Amiga "mutual": por acaso concordo com o NA, tu és um tipo honesto. 

Psicóloga: consigo perceber que o Carlos é uma pessoa muito honesta, e por isso é um dos valores que mais aprecia.

A colega: tu és muito boa pessoa e super honesto. 



Yah. Serve-me de muito. 

 

sábado, 26 de outubro de 2024

goodbye

So how do I say goodbye
To someone who's been with me for my whole damn life?
You gave me my name and the color of your eyes
I see your face when I look at mine
So how do I, how do I, how do I say goodbye?

Dean Lewis / Jon Hume

não sei

Acabei de chegar a casa depois de uma saída com o M. Fomos jantar e ver uma peça. Dei-lhe um abraço quando o vi e depois outro, na despedida. Fora isso, tentei evitar mais contacto físico, porque embora ele diga que sim, que está tudo bem definido entre nós, eu tenho medo que não esteja, devido em parte, a algumas coisas que ele me diz e algumas "cobranças" que me faz. Além disso, não me sentia muito bem. Aquele tipo de programa, era o que fazia com o meu namorado e ele não estando, parecia que era uma fraude. Que era errado eu estar ali, com aquela pessoa. Que eu estava a ser falso. Ou no limite, desonesto. 

O que sei, é que enquanto soltava umas gargalhadas devido às piadas dos atores, sentia ao mesmo tempo, saudades. Muitas. Dele. Dos olhos dele. Das risadas dele às minhas piadas parvas ou observações tontas. Da vida que tínhamos e que ele percebe agora que tinha - e gostava. Mas as atitudes, as ações, as falhas existem e estão gravadas na pele. E acaba por ser tudo tão triste e tão sem sentido - pelo menos para mim. Não sei. Não sei. Não sei. Tudo me faz soltar lágrimas, que têm vida própria e chegam sem avisar. Que tento controlar com mudanças bruscas de humor ou de pensamentos. 

A psicóloga diz que não tenho depressão alguma. Que estou imensamente triste e desiludido, o que considerando o que passei, é natural. A verdade é que não sei o que se passa comigo. Não sei mesmo. E isto que sinto não passa. Por nada. Não sei se algum dia passará. Não sei. 

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

calendário blogosférico | 2025

Para comemorar a blogosfera a que pertenci (ou que ainda pertenço), e passados 10 anos do primeiro calendário blogosférico, resolvi ressuscitar esta iniciativa para 2025. E uma vez que, por aqui, o ambiente está quase "morto", resolvi destacar os projetos que foram muito importantes para mim em 2012 (e anos seguintes), que me ajudaram a crescer enquanto pessoa, que alinharam nas inúmeras iniciativas que criei, e ainda, todos aqueles que me permitiram de certa forma, sair mais do armário e a ser "mais" gay. Este espaço foi, e julgo que ainda continua a ser, o meu lugar seguro. O meu porto de abrigo. A minha verdade. 

Assim, e no seguimento da coisa, apresento-vos o preview do que estou a trabalhar e que irei apresentar em dezembro próximo: 

Como só consegui apresentar 12 blogues, espero que os restantes não fiquem (muito) chateados comigo, mas os escolhidos, de certa forma, acabaram por ter mais impacto na minha vida pessoal, e de facto, com quem consegui construir uma maior interação - até após blogue. 

Bom, e por momentos, ao escrever isto, fiquei nostálgico. Com saudades. Com uma lágrima no canto do olho, não só porque queria voltar a ser aquele puto de 32 anos, que tinha uma vida inteira pela frente, e sonhos, mas também, porque sei que nada será como antes. A minha vida. A blogosfera. E alguns blogues que existiram. Seja como for, vocês foram, e são, muito importantes para mim. 

Obrigado a todos/as pelos bons momentos! 

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

marco paulo

E sim, ainda estou deste lado a ver/ler umas coisas, ao mesmo tempo que oiço a playlist do Marco Paulo, recomendada pelo Spotify.


RIP, Marco Paulo - cantavas pr'a caraças, pah!

polícias

E quem foi a pessoa que saiu da Lefties, e foi dar uma volta maior, só para ver o senhor polícia de perto?

Eu sei, mas não digo. 


By the way, só tinha corpo... e um rabo.... MDDC* - nham nham



Sim, estou deprimido, mas não estou morto. 



*Meu Deus Do Céu - não é numeração romana, ok? 

mudanças

Ao fazer este exercício de reler o blogue todo, vejo o quão mudado estou. Da forma inocente, como via as coisas, dos ciúmes que tinha, e quiçá de alguns preconceitos, em 2012, para uma viragem de 180 graus em 2014, onde fiquei mais solto, mais racional e descrente. Andei numa fase complicada, com muita falta de autoestima de 2017 até 2022, tendo renascido um pouco em 2023 - porque comecei a olhar-me de outra maneira.

Vejo agora também, que num espaço de meses, ou seja, de janeiro até outubro de 2024, voltei a mudar. Tanto, mas tanto, que quase que não reconheço aquele puto de 32 anos, de 2012. Se pudesse, explicava-lhe tanta coisa, que abanaria as suas crenças mais profundas. As suas fundações. As suas imagens cor-de-rosa do que era o amor, e do que são as pessoas. 

A vida é um sopro, indeed

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

o estranho caso de madame pelicot

O caso da francesa Gisèle Pelicot é chocante. É ignóbil. É nojento. É aterrador. É tão surreal, que custa a acreditar que seja verdade, ou até mesmo que tenha acontecido. E mais grave fica, quando verificamos que parte da pessoa em quem mais se confiava. De alguém a quem entregámos a vida, e a quem permitimos que nos acompanhasse nela. Sem condições. Sem obstáculos. Sem medos. 

Para madame Pelicot, a pessoa que estava ao seu lado, era o “homem perfeito”. Era o tal. O príncipe encantado que levava à cama, quando ela se sentia mal, o seu gelado favorito. Que a acompanhava às consultas médicas de neurologia, quando ela pensava que estava a enlouquecer (mesmo ele sabendo que era resultado das drogas que lhe dava). Que estava sempre ao seu lado, para o bem e para o mal. E sobre isso, pensava ela muitas vezes no “quão sortuda era por o ter ao seu lado”. O quão enganada estava. 

O marido, agora acusado de promover a sua violação com outros homens na Internet, ao longo de quase dez anos (até 2022), onde a drogava, para que tudo acontecesse sem existir lembranças disso, pede desculpa, diz que nunca nunca recuperou da traição da sua mulher, há décadas atrás, etc, etc. Seja qual o motivo que arranje, nunca, mas nunca, haverá justificação para aquilo que fez. Que lhe fez. Para este comportamento doentio, onde destruiu a vida de uma pessoa. No presente caso, da sua mulher, que o amava. 

Bem sei, que é difícil perdoar traições (eu sei!), mas neste caso, ela explicou os motivos, falaram sobre o assunto e ele aceitou continuar. Sublinho: resolveram continuar. Até porque não era "apenas" uma traição, mas sim, a opção de seguir, eventualmente, a vida com outra pessoa. E apesar de tudo, resolveram continuar juntos. E assim foi durante décadas. Não sei o que se passou em 2011, mas este comportamento de promover violações em série da sua mulher, drogando-a de forma a "esconder tudo", não é normal. É algo de uma pessoa muito doente e fora da realidade. De alguém sem consciência. Alheado de tudo. Sem empatia pelo próximo. Sem respeito pelo outro. Um nojento. 

Concluo, que há pessoas más. Muito más. E que muitas delas, se encontram camufladas nos nossos círculos mais próximos, que nunca saberemos realmente do que são capazes de fazer e até onde podem ir. Até o dia, que somos obrigados a tomar uma dose valente de realidade. E esta falta de consideração extrema, com a pessoa com quem escolhemos partilhar uma vida, choca-me. Deixa-me triste. Derrotado. E para mim, o comportamento do marido de Gisèle Pelicot não tem explicação possível. Perdão. Não existe nada no mundo, que me faça entender isto. Da mesma forma que não consigo perceber a gratuitidade de algumas ações, que são feitas a pessoas a quem se diz amar. Gostar. Ter apreço. Não percebo a necessidade de destruir alguém só porque sim. Porque não se pensou nunca nas consequências. Não percebo. E nunca irei conseguir perceber. Nunca conheceremos as pessoas a 100%, e estas terão sempre o condão de nos surpreender pela negativa.

piadinhas parvas

- Deixa-a. Ela consegue meter bem por trás.*

...

- Não devia ter dito isto não é? - disse a minha colega logo de imediato, com um ar de arrependimento instantâneo, a olhar para mim.  


Claro que não devia. Passei o dia a dizer: "não se preocupem, que ela mete bem por trás" e outras piadinhas básicas dentro do género. 


*estamos mesmo a falar de arrumar o carro de marcha-atrás. 

novelas

Nunca pensei, que aos 44 anos, fosse assistir uma conversa entre a minha mãe e o meu pai, sobre novelas turcas. "Passou-se isto e aquilo no episódio, ele desmaiou porque era alérgico às flores", dizia o meu pai, "e já falaram sobre o dinheiro?", inquiria a minha mãe com muitaaa curiosidade.

Tipo, wtf? Em que momento é que o meu digníssimo pai, homem "à antiga", consumidor de horas infinitas de futebol e outros desportos, passou para as novelas turcas? 


O mundo está perdido. É o que vos digo. 

terça-feira, 22 de outubro de 2024

comunicados

Vi as vossas mensagens, que irei responder - como é óbvio.

Também vi, que têm publicado nos vossos blogues, que eu sigo, e que quero ler - como é natural. 

Sei, que a blogosfera ainda vive, e quero mergulhar nela - como não podia deixar de ser. 


Mas de momento, só tenho disponibilidade mental para escrever por aqui e reler coisas do passado. Preciso deste exercício singular e autónomo. Preciso de tempo para mim e de alguma forma, e apesar deste blogue ser público, estar sozinho. Preciso de mim, mais do que nunca. Mesmo que todos os dias, ande pela rua, ginásio e trabalho, com um ar simpático e sorridente - apesar de destruído por dentro.  


Obrigado a todos/as que estão desse lado. 

conclusões

É claro que me preocupo. E é óbvio, que me continuarei a preocupar. Tomei a iniciativa de mandar uma mensagem na quarta-feira passada, e hoje, só para saber como estava. Se estava bem, se precisava de alguma coisa. Se a cabeça estava menos "depressiva". Não ficaria bem comigo mesmo, se não tivesse a certeza que, apesar da situação, as coisas não fluíssem com a normalidade possível. Talvez por puro egoísmo, de que se acontecesse algo grave, nunca me iria perdoar, ou viver decentemente comigo próprio. Já me bastaram as mortes dos meus avós maternos, e o facto destes terem partido, sem ter esclarecido as coisas com eles, e dizer-lhes, que apesar de tudo, os amava. 

Eu sou assim. Critiquem-me. Julguem-me. Mas gosto de saber como as pessoas estão, principalmente aquelas que, de alguma forma, foram importantes para mim. Nem que seja, de vez em quando, ou de quando em vez. Gosto de saber que o ex-número 1, está bem no estrangeiro, ou que o P., apesar de me "ter feito muito mal" e de me ter partido o coração quando andava na fase de descoberta, está feliz no seu novo namoro. Eu sou uma pessoa que gosta de pessoas, e apesar de ter um ar duro e a cara fechada, não desejo mal a ninguém. Verdadeiramente. 

Ontem de noite, não sei se por ter estado a passar a ferro, a ouvir música mais down, acabei a chorar. A pensar que não me quero continuar a sentir uma fraude e que não quero continuar a viver enleado em mentiras. Que queria voltar atrás no tempo e evitar certos erros. Que apesar de tudo, teria que ser honesto, mesmo que essa ponta de honestidade não fizesse sentido neste momento. Que teria de contar, certos segredos da minha vida, porque isso seria inevitável. Isto, se quisesse garantir a permanência do M. na minha vida. 

Estava eu nesta luta interior, ao mesmo tempo que tentava agarrar as lágrimas e as convulsões, e tinha o M., a bombardear-me com mensagens: "já tenho saudades tuas", "vamos ao cinema na sexta-feira", "vamos jantar fora" e "vamos ver um filme deitados na cama e comer pipocas". Respirei fundo. Respirei muito fundo, para não o mandar à merda. Não só, porque ele não sabia como eu estava naquele momento, mas também, porque ele não tem culpa nenhuma das coisas. Da minha vida. Do meu percurso. Das minhas condicionantes. Da merda em que estou envolvido. 

Como já escrevi aqui, noutro tempo, lugar ou circunstância, a história poderia ser outra. Mas as coisas são como são. E se estas dúvidas existênciais, angústias e medos, continuarem a provocar-me ataques de pânico e ansiedade, e noites sem dormir, terei que falar com o M., abertamente. E apesar de não o querer magoar, o nosso relacionamento terá que dar um passo atrás. E ficar no degrau da amizade "não colorida". Porque pelos vistos, e afinal, ainda não estou preparado para outros voos. 

terças-feiras

Não dormi nada a noite passada, porque tive imensos pesadelos e ataques de ansiedade. Estou aqui, assim em modo, morto-vivo. Por mim, o dia de hoje está feito. 


E a vossa terça-feira, como está a correr? (smile com cara de palhaço). 

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

teorias

 TEORIAS QUE BATEM CERTO.

revoltas

"Mas ele deixou de vir ao ginásio"? 

"Porque é que ele não responde às mensagens, que lhe envio no Instagram"? 


Ó caralho, se o querem engatar ou saber dele, porque é que me chateiam os cornos a mim? 


Foda-se.

pedro granger

Quem ler publicações mais antigas, guardadas neste blogue, perceberá que tinha uma panca pelo Granger. Tinha, porque já não tenho. Porque na altura (2021) que se soube, que ele tinha problemas com consumo de substâncias ilícitas, mandei-lhe uma mensagem pelo Instagram a dar-lhe força e assim. Resultado? Fui bloqueado. 

Por isso, Granger, vai pó caralho

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

constatações

Reparo agora, que resolvi encerrar este blogue em 2019. A seguir veio uma pandemia mundial e que durou, mais ou menos, dois anos. 

Sou só eu que vejo aqui uma correlação nestes dois eventos? 


Se calhar sou só eu. 

intuições

Sempre confiei muito na minha intuição, porque parece que consigo antecipar o futuro, ou eventos deste. Já em 2017, parecia que adivinhava ali qualquer coisa. A juntar, ao que pressenti em 2022, 2023 e 2024, quase que tinha nas minhas mãos, tudo o que precisava de saber. Só me faltavam as "provas", que chegaram, sem as procurar, este último agosto. Como digo sempre "tudo o que preciso de saber, irei saber, mais tarde ou mais cedo", e "não preciso de procurar nada, nem contratar um detetive, para saber"

A minha psicóloga, discorda. Acha que faço estes "exercícios" para antecipar a "jogada" ou a desilusão. Ou se preferirem, para que a desilusão, ao invés de ter uma pontuação de 10, tenha 6,5. E eu até poderia concordar com ela, afirmando que "espero sempre o pior, para que depois a sensação de perda, ou de falhanço, não seja assim tão acentuada", mas depois releio este blogue e pimbas

Caraças, eu podia ser uma Maria Helena das cartas e ser bué rico.

"E sorri com outro jeito 
De tanto esperar por ti 
Deixo um recado na porta 
Faz de conta que morri 
E não me esperes de volta"

diálogos

 - Se não soubesse da nossa condição*, até diria que me estavas a tentar conquistar! AHAHAHA

- lol nunca se sabe o que pode acontecer em 2025.

- ahahahah nunca pensei ler isto. 


Prevejo um desastre emocional. 

Tenho mesmo que ser o adulto na sala. 


*mais a minha "condição", daquilo que disse e do que acordámos entre ambos: amigos, eventualmente, coloridos. 


44

Tenho 44 anos. Feitinhos há 4 meses. Quem olha assim de repente, já vê um homem feito, maduro ou de meia idade. E de certa forma têm razão. Sou isso tudo, embora mentalmente, tenha muito menos idade, do que a física. E isso também é um facto. 

Não escrevo isto, com o objetivo de dizer que a idade é apenas um número, e como tal, sinto-me jovem. Não é isso, até porque acho que estou muito bem para os 44 anos que tenho. Contudo, tudo na minha vida aconteceu tarde. Não só porque sempre tive muita resistência a dar alguns passos, mas porque o meu percurso também teve algumas condicionantes, que me impediram de ser precoce. 

Assim, só dei o primeiro beijo aos 22 anos. A perda da virgindade aos 28. E o primeiro namoro aos 29. O segundo relacionamento aconteceu aos 30 e o terceiro (e último) aos 30 e 4 meses. Que durou 14 anos. 

Olho para trás, e vejo que devia de ter começado mais cedo. Não sei. Talvez tivesse adquirido ferramentas para combater a desilusão, ou ganhasse resistência para não ser tão intenso nos relacionamentos. É claro, que do namoro 1 ao namoro 3, tudo aconteceu muito rapidamente, e não porque o tenha procurado, mas porque aconteceu assim. Além de querer ter essa experiência (de namoro), acho que emito vibes de namorado, e muitas pessoas que conheço, tendem a querer algo mais relacionado com isso. Não é que seja mau, porque até aos meus 28 anos, as pessoas só queriam sexo comigo, mas por vezes, temos que saber estar sozinhos e não viver de relacionamento em relacionamento. 

Obviamente, que cada um é como é, eu não estou a criticar ninguém, mas pessoalmente preciso desse tempo para mim. Para perceber quem sou em 2024, o que quero e como quero. Não sou a mesma pessoa que era em 2010, onde via o mundo bem mais cor-de-rosa e onde achava que o amor, que sentimos pelo outro, era o bastante. Não é. E vejo agora que nunca o foi.   

nas redes

 As teorias que os putos inventam para me tentarem sacar fotos da pila. 

Gabo-lhes a paciência e a imaginação. 


quarta-feira, 16 de outubro de 2024

concertos 2025

 Acabei de comprar dois bilhetes para ir ver a Kylie Minogue no Meo Arena.


Com quem?


Ninguém sabe. 


i love you

- Mas o que é para ti, o amor?


Para mim, acho esta "justificação" bastante adequada:  

terça-feira, 15 de outubro de 2024

menino do continente | parte treze

E não é que, passados 10 anos de ter escrito várias crónicas sobre o Fábio, o descubro no X? 


A ele, e ao namorado. 

[re]publicação

"Uma pessoa aprende. Ou isso, ou morre. Não mudar nada, ou pelos menos, não tentar, faz-nos perder o comboio da oportunidade. Uma relação é assim. Inconstante, frenética, feita por encaixes ou tentativas de modulação, capazes de criar harmonias, que embora não sejam perfeitas, tenham a pretensão de sê-las. Não digo que esteja já sabido na coisa (até porque não estou), porque só tive dois namoros, de 6 meses e 1 mês e meio respetivamente, e vivo agora um terceiro. Nesta relação tento emendar alguns erros das anteriores, mas a verdade é que nada é igual. Nada tem que ser precisamente do mesmo molde.

O beijo trocado numa ruela italiana, não é menor que um beijo roubado no escuro de Almada. São coisas diferentes. Sensações semelhantes, mas que vivem da especificidade dos intervenientes. Não se pretende, julgo eu, ter as mesmas experiências para se fazer a comparação. Para escalonar o que se sente, ou sentiu, e afirmar: desta vez foi melhor, ou mais intenso. Não. Isso não existe. Aquilo que se sente advém sempre do momento. O coração sofre arritmias consoante os impulsos que recebemos. Da capacidade de correspondência do que demonstramos. Dos beijos fogosos que se incendeiam naturalmente. Do “Olha! Espera. Chega aqui”. Do “Diz:”. Do “Amo-te”."

Nota: daqui.

conceitos

 

- Tu és conservador.


Nunca me julguei conservador, com limites, sim, mas nunca conservador. Gosto de ter regras e saber até onde posso ir. Gosto de colocar a outra pessoa sempre em primeiro lugar, e pensar, se eu fizer isto "ele ficará triste comigo? Desiludido"? Gosto de "dar segurança" ao outro, para que não pense "ele tem gajo A ou B atrás, será que vai vacilar"? Não sei muito bem lidar com a crítica de que sou conservador. Tipo, não querer um relacionamento aberto, faz de mim conservador? Não sentir vontade de estar com outras pessoas (diferente de sentir atração sexual por outros) ao vivo, faz-me conservador? Ser tendencialmente monogâmico, faz de mim conservador? Querer viver um relacionamento a dois, faz-me de mim, conservador? 


Pelos vistos, e aparentemente, faz.

pontos de situação

A semana passada - de quarta de tarde, a sábado de manhã - fui invadido por uma tristeza gigante, que não me cabia no peito. Algo que não consegui controlar, e que me arrastava, com o passar das horas, ainda mais para baixo - talvez como se estivesse sobre areias movediças, de onde queria fugir com todo o desespero, mas ao mesmo tempo, mais me afundava. 

Embora o dia pior tenha sido, de facto, a quinta-feira (aliás, como tem estado a ser há 3 semanas), o jantar de sexta-feira, com amigos, derrotou-me por completo. Não dormi nada de jeito nessa noite, tive um início de ataque de pânico e acordei sábado de manhã às 9h, completamente arrasado. As coisas que foram ditas, e da forma como foram ditas, talvez para justificar atitudes de terceiros, além de terem sido injustas, e sem correspondência com a verdade, deixaram o meu cérebro em roda livre, e autónomo, face ao meu lado mais racional. A culpa não foi minha. Eu não controlei os eventos que se passaram. A mim, ninguém comunicou, ou perguntou nada. Eu fui colocado numa posição onde não queria estar, e que nem pedi para estar, e se ele aparecer com outra pessoa do lado, terei de lidar com isso. Aliás, como tenho estado a tentar resolver tudo até agora. Sozinho. 

Assim, queria estar deitado o fim-de-semana inteiro, ao mesmo tempo que desejava que chegasse a segunda-feira logo de uma vez, para que pudesse voltar a entrar no eixo da rotina, de forma a deixar-me anestesiado disto tudo. Mas já tinha combinado ir ao gym com o M., e depois jantar fora no sábado. E assim fiz. E foi o melhor que fiz. Aliás, quando chegámos um ao pé do outro nesse dia, dei-lhe uma escova para a barba (que ele já tinha reparado na minha, e elogiado), e do nada, ele tira um saco da bagageira e diz: é para ti, e foi por isso que cheguei um pouco atrasado. Quando olhei lá para dentro, soltei uma gargalhada, porque percebi que ele andou atento às minhas stories no Instagram.* E digo-vos aqui uma coisa, que ninguém nos lê: ele é o homem mais fofo que alguma vez conheci na vida. 

O jantar foi super giro. Diferente. Cozinha asiática. Onde ele cozinhou tudo no restaurante, e perguntava constantemente se eu estava a gostar e se estava bem. Sinto que a preocupação dele comigo é genuína - talvez porque nos estamos a conhecer ou porque me quer agradar. Não sei. Não quero saber. Só sei, que quando estou com ele, sinto-me especial. Bem tratado. Valorizado. Com a autoestima em cima. E porque não dizê-lo, feliz. Pelo menos não penso na vida de merda que tenho tido nos últimos tempos, ou de como estou desiludido com tudo. Com as pessoas. Com as situações.  

Ainda fomos beber um copo e conversámos. Entretanto ele estava com sono, e viemos embora. A meio do percurso, até os nossos carros, puxei-o contra o meu corpo, ali, na rua, indiferente a quem olhasse, e beijei-o. Porque ele me excita. Porque ele me trata bem. Porque conheço-o há muito pouco tempo, mas sei que quero que ele fique na minha vida. Seja em que condição for.   

Entretanto, voltei a ter outra sessão com a psicóloga, que me afirmou que não estava com depressão (ufa!), e quando falei do M., ela perguntou-me: não estará a projetar alguma coisa no M.? Uma necessidade de preencher um vazio na sua vida?

Eu sei, que a minha relação com o M. será sempre na base de uma amizade. Especial. Tenho a noção disso. Não só porque saí há pouco mais de 1 mês, de um relacionamento de 14 anos, mas também porque tenho a cabeça toda baralhada e não sei o que quero. Se o tivesse conhecido noutras circunstâncias, o meu comportamento seria muito diferente. Mas as coisas são o que são, e não quero magoar ninguém neste processo. 


*A oferta foi Nestum Proteína e Leite Proteico. AHAHAHA

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

mais males

Já não me lembrava disto, mas realmente os gajos (todos diferentes) fazem porcaria comigo, magoam-me e deixam-me na merda, mas depois utilizam sempre as mesmas as justificações. Parece que os escolho a dedo. Ou então, devem combinar o discurso, quando me conseguem destruir. Talvez eu esteja nalgum site como "tótó da década", e com as instruções com o que dizer nestas situações. 

“Ah, ok. Desculpa a demora a responder, mas estou a conduzir. Queria que soubesses, que hoje vejo, que te fiz muito mal e não merecias. Realmente não merecias.”

gajos

Uma das coisas boas de ter estado com o JM, é que ele deixou de me procurar, chatear e de me enviar nudes. Os 4 anos de espera valeram a pena - para ele. Ou então, não correspondeu à expetativa. Seja como for, arrumou-me na listinha dele, e seguiu caminho. Melhor assim. 

blogos(gay)fera

Neste trabalho de reler este blogue, de uma ponta à outra, vejo que fiz, com a ajuda de tantos outros bloguers, imensa coisa. Juntos, tivemos iniciativas muito giras, interessantes e que não vão voltar a repetir-se. Adorei as "minhas" Festas, mas acima de tudo, o Calendário Blogosférico. Os Cigno, embora tivessem dado horrores de trabalhos, também acabaram por correr bem - mas não voltaria a meter-me nisso. 

Tenho saudades de algumas pessoas, e da dinâmica que tinha com elas. Sinto falta também de alguns blogues, que lia com muito gosto, e de certa forma, de alguma inocência que pairava na blogosfera. Já no nicho específico da blogosgayfera, erámos tantos e agora são tão poucos. Permanecem os resistentes - o Silvestre, o Mark e o Francisco. 

Bem sei, que são os tempos. As pessoas mudaram. O mundo ganhou outras plataformas mais estimulantes. Mas como dizia o outro "recordar é viver". E eu gosto de ter memória, para não me esquecer de quem fui. De onde vim. Do que fiz. Ainda assim, quero acreditar que nisto dos blogues, estamos perante uma fase e que tudo pode mudar de um dia para o outro. Utopia? Talvez. Quero continuar a acreditar, que criar conexões, é mais importante que qualquer estímulo visual. Sou um tonto, bem sei. Que os olhos também "comem".  

E será que com tantas Redes Sociais, os blogues alguma vez voltarão a ser protagonistas do mundo digital? 


quarta-feira, 9 de outubro de 2024

indecisões

Instalei o Tinder

Desinstalei o Tinder


Acho que ainda não é altura. 


Mas espero um dia voltar a sorrir com gosto e satisfação. 

certezas em outubro de 2024

Apesar de querer estar sozinho, sinto-me sozinho. Sinto-me triste e abandonado. Todos têm as suas vidas bastante autónomas da minha, como resultado, não só, por ter estado num relacionamento de 14 anos com uma pessoa, mas também, e como é natural, terem construído os seus próprios percursos. Isto não quer dizer, que negligenciei os meus amigos, mas a verdade é que houve algum afastamento. Porque "estar" com outra pessoa, exigia também dedicação, e por vezes, escolhas. E da parte deles, também. Obviamente. Foi, e é, um caminho de dois sentidos. 

Também, no meu universo de amigos gays, pelo menos os importantes, estou desfalcado. A maioria emigrou. Ou seja, estão longe. E apesar de me dizerem "podes contar comigo para tudo", sei que a distância pesa. É inevitável. É o que é. A juntar a este pormenor, há que referir que o meu "mano", e melhor amigo gay, morreu em 2019. Perda que ainda hoje não consegui processar. Entender. Aceitar. Mas isso irei falar na próxima sessão com a psicóloga. 

Ou seja, vejo-me cada vez mais, com menos tempo. Mais sozinho. Menos perspetivas de ser feliz. Mais distante dos planos e rumos, que imaginei há 14 anos atrás. Ainda hoje dizia ao M. que: "gostaria de ter a minha família, sim. Mas agora ficou mais difícil. Já são 44 anos e fiquei sozinho. O tempo não para, nem volta para trás. Mas pronto". Isto a propósito se gostaria de ter filhos. Ele, fofo como é, tentava animar-me e respondia-me: "menino, nunca é tarde para ter uma família, não sabes o que o futuro te reserva. Não vais ficar sozinho. Pareces ser uma pessoa incrível e quando essa cabeça estiver no lugar, vai surgir outra pessoa na tua vida".  

A verdade é que eu não quero mais ninguém. Nunca mais. Não compensa. A dor não compensa. A dedicação não compensa. A falta de lealdade não compensa. E vamos sempre acabar sós. Sozinhos. Porque confiámos e acreditámos, que um relacionamento pode ser durável, quando sabemos que hoje em dia - e em relações gays - não o é. Será sempre um tiro no escuro e acabaremos sempre na merda. 

E se desta merda toda, há uma única coisa boa, foi ter conhecido o M. E disse-lhe isso mesmo: "estás a ser muito importante para mim". Ao que ele me respondeu: "tu estás também a fazer-me bem. Acredita"


terça-feira, 8 de outubro de 2024

sentimentos

Estou tão farto de estar assim. De me sentir assim. De achar que nunca mais vou recuperar desta situação e que nunca mais vou confiar em ninguém. Não sei. Apenas assumo, que estas situações têm o seu custo, até porque já passei por elas, mas isso não significa que fique mais fácil. Ou que se aceite de forma mais ou menos resignada. Muito pelo contrário. Cada vez que acontece, além de gerir as situações novas, temos que levar com tudo o que já passámos no passado (e pensávamos ter resolvido), mas sempre com mais intensidade. Tudo fica mais duro. Mais pesado. Parece que não aprendemos nada com as situações e que somos derrotados só com um sopro. Que somos fracos. Insignificantes. 

Gostava de ter palavras de consolo para mim próprio, mas não as consigo ter. Cada dia que passa, quero ficar mais isolado - embora já vá jantar com o M. no sábado e a um museu no domingo. Preciso de me distrair, não pensar nisto tudo. Neste turbilhão de emoções que me invade, e derruba, sempre que penso no assunto. Pelo menos, os ataques de pânico desapareceram, e sinto-me tranquilo - apesar de muito triste. Dizem que é um processo. De luto. De luta. De esperar que o tempo surja como antídoto para a desilusão. Mas não sei. Parece que, conforme vamos avançando na cronologia dos dias, a dor aumenta. A sensação de perda fica cada vez mais gigante. Será que tudo isto terá um pico? Será que este processo, algum dia irá terminar de uma forma menos dolorosa? Tantas questões, e tão pouco tempo para as processar. Não sei. Nada sei, a esta altura do campeonato. Só quero que tudo passe rápido, porque estou farto de me sentir uma merda.  

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

mais dias

Ontem, de facto, foi um dia de merda. Fui com o M. ao gym e a tensão sexual está ao rubro. De ambos. Embora esteja tudo esclarecido entre nós (eu julgo que está), tenho medo que ele pense em algo mais. Tenho medo de o magoar. E tenho medo, que ele sinta que o estou a utilizar apenas, para esquecer alguém, que nunca vou esquecer (jamais e apesar de tudo). Ele quis ir lanchar, e não tive coragem de dizer que não. Ele está a ser super fofo comigo, mas noto ali um entusiasmo, de que tenho medo. Verdade, verdadinha, é que não estava a sentir-me bem. Queria fugir dali e refugiar-me na minha cama. O dia não estava bonito e isso potenciou o meu estado depressivo. Tanto que assim estava, que após me ter despedido do M. e de lhe ter dado um abraço apertado, corri para o carro. E mal ali cheguei, chorei sozinho. Sozinho num parque de estacionamento, sem perceber muito bem o que me estava a acontecer. Com uma tristeza imensa, como nunca senti na minha vida. 

Hoje não foi melhor. Dormi muito pouco, acordei mais cedo que o habitual e mais cansado. Fui ao ginásio, fui trabalhar e após sair do trabalho (onde fiquei mais meia hora para não ir logo para casa), telefonei a uma amiga minha. Conversámos um pouco sobre ela, e acabámos a falar da situação que me encontro a viver. 

Pensei que estava, aparentemente, bem disposto, mas bastou chegar a casa, para se apoderar de mim, uma tristeza sem fim. Um choro a querer sair, mas que não sai. Uns olhos cheios de lágrimas, mas que impedem as mesmas de cair. Apesar de tudo, não quero ser uma pessoa rancorosa. Cheia de ódio ou mal amada. Acho que consigo perdoar tudo, ainda assim. Embora saiba que esquecer, jamais. Quero-o na minha vida, porque o amo. Mas como amigo, como família. Não quero voltar a namorar com ele, e entrar num relacionamento que me deixava triste. Com baixa autoestima. Depressivo. Quase tóxico.

Quero-o bem. Quero-o feliz. Quero-o livre da depressão severa. Quero que encontre alguém que seja mais "compatível" com ele e com o tipo de relacionamento que ele acha que quer. Não me sinto um falhado, porque nada disto foi culpa minha ou até mesmo opção. Mas sinto-me triste, porque uma das poucas coisas que a minha vida tinha de verdade, afinal não o era. E eu amo-o. À mesma. E apesar de tudo. E quero que ele ultrapasse isto, da mesma forma que eu estou a tentar fazê-lo. Se isso faz de mim um tonto? Que faça. Mas não lhe desejo mal nenhum, ainda assim. E apesar de tudo. 

domingo, 6 de outubro de 2024

domingos

Domingos de inverno. Tristes. De saudade. Hoje dormi pessimamente, talvez por causa do jantar dos "mutuals". Não que tenha corrido mal, porque não correu, mas porque me fez lembrar outros momentos onde tudo estava bem. Onde tudo parecia perfeito. Onde tudo fazia sentido. Onde achava que era feliz. Odeio estar no lugar onde estou de momento, mas não fui eu que me coloquei aqui, nem tampouco escolhi.

Ontem, com esses amigos, rimos, contámos segredos e novidades. A caminho do buffet, um deles disse-me; "já tinha saudades tuas", e só não me desmanchei ali, porque disse uma parvoíce qualquer, para provocar uma risada tonta. Mas a verdade, é que também já tinha saudades daqueles momentos. Daquelas pessoas. Minhas. Que me faziam dar algum sentido à vida. 

Hoje acordei cheio de saudades dele. Da vontade de mandar uma mensagem, a dizer isso mesmo. De ir correr para os braços dele, dar-lhe um abraço e um beijo, ao mesmo tempo que me esquecia de tudo aquilo que não consigo (nem posso) esquecer. O amor é uma merda. E apesar de tudo, eu amo-o. Sou um tonto, bem sei, mas o que fazer? Mas não sei como se faz... para esquecer o amor da nossa vida. 

No decurso dos dias, um bloguer disse-me "tens de o deixar ir". E o meu racional sabe que ele tem razão. Mas ao mesmo tempo, não o quero deixar ir. Imagino-o já com outra pessoa (embora ele não a tenha e talvez porque fosse mais fácil para mim), e fico cheio de tristeza. De saudade do que tive, e de como o futuro poderia ter sido. Também sei que ele tem saudades minhas, porque me disse. Muitas. Mas nem sempre o amor vence tudo, e nem sempre duas pessoas que se gostam, nasceram para ficar juntas. 


Ainda assim, um bom domingo para todos. 

sábado, 5 de outubro de 2024

flowers

Quando saiu a canção da Miley Cyrus, Flowers, para aí em 2023, revi-me tanto na letra, que passou a ser um das faixas da banda sonora da minha vida desde então. Na altura, trabalhava a minha baixa autoestima, e o facto de me achar sempre inferior. Muito culpa também, de quem namorava comigo, e que nunca me deu a segurança necessária para eu sentir que era "o tal". Especial. Aquele, que acontecesse o que acontecesse, seria sempre prioridade e que se evitaria magoar de forma desnecessária. Como estava tão enganado. 

Ao ouvir que, "eu também posso comprar flores a mim próprio", abri os olhos, e percebi que eu sou o dono do meu destino. Que não tenho medo de estar sozinho, e que mereço ter alguém que esteja comigo porque quer, que me valorize, que acrescente e que me puxe para cima. E mesmo que esse alguém não exista de facto, eu, sou o bastante e consigo desempenhar esse papel principal na perfeição. Eu sou o garante da minha felicidade e acima de tudo, o meu maior aliado. 

Já consigo ter mais amor-próprio, e espero trabalhar para ter mais ainda. Para que possa ser uma pessoa melhor, todos os dias, e com isso, conseguir fazer a diferença na vida dos outros. Daqueles, que queiram fazer parte dessa diferença, como é óbvio. Porque continuo a acreditar que somos melhores, se estivermos com os melhores.

Hoje acordei triste, mas vou ao agora ao gym, com uma pessoa que estou a conhecer, e que me tem puxado para cima, mesmo conhecendo-me só há meia dúzia de dias. Irei melhorar. Irei ultrapassar. E mesmo não confiando em ninguém neste momento, sei que vou ter de confiar em alguma coisa, porque só assim é que vou conseguir avançar. Continuo a acreditar no amor, e acho que só isso nos fará ter momentos felizes. Mesmo no dias mais negros. 

Fui.  

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

posturas

Continuo, sozinho, nesta saga de reler o meu blogue todo, e é interessante perceber, que há coisas que não mudaram com o tempo. Outras sim, como seria natural. Muitos "preconceitos" que tinha, desapareceram. Outras "verdades absolutas", que assumia, deixaram de existir, até porque vida tem muitas nuances. Em 12 anos (que este espaço foi fundado em 2012), aprendi a ver as coisas de forma mais ampla, mais descontraída e mais liberal. Embora, politicamente falando, permaneço de centro-esquerda. Fiel. 

Mas, sobre as coisas imutáveis, ou que continuo de alguma forma agarrado a elas, é o facto de não conseguir estar com alguém só para esvaziar os "tins tins". Aliás, como escrevia em 2013, "Parece tão, mas tão fácil. Tão alcançável. Mas não. Eu não sou assim." (ler aqui), é algo que continua bastante atual. Para o bem e para o mal. 

Ao passar o que passei, cego pela raiva, tentei elaborar uma lista de pessoas com quem me devia envolver sexualmente, de forma a sentir-me desejado. Valorizado. Vivo. Nem me reconheci na postura. Nem na forma como me "ofereci", assim sem pudor. Mas eu não sou assim, caramba. Não gosto de quecas marcadas, de chegar, fazer e sair porta fora. Gosto de conexões. Gosto de me relacionar com pessoas. De conhecer. De "engatar". De ter uma conversa decente, com alguma subtileza pelo meio, que me provoque ereções envergonhadas. 

Não vou mentir, e dizer que não estive com ninguém nos últimos dias. Estive. Com duas pessoas. Com uma, que tem uma relação aberta, e que desde 2020, andava atrás de mim, mas que sempre recusei - uma vez que o meu relacionamento não funcionava nesses moldes. Mas aconteceu agora. Sexualmente foi bom. Mas saí de lá com um sentimento de vazio e que aquela pessoa não era eu. Não me reconheci. Não irei repetir, mas admiro a espera de tantos anos, só para me dar uma queca. Não merecia tanto empenho.  

Já a outra pessoa com quem estive, e quem tem sido muito importante nesta fase da minha vida, a coisa aconteceu de forma mais natural. Foi a primeira pessoa que conheci em 14 anos (começámos a falar pelo Instagram). Combinámos beber um copo numa esplanada, e estivemos horas na conversa. Percebi que agradei, fisicamente falando, e que me enquadrava no "tipo". Mas acabou por ser mais do que isso. Existiu conexão física entre os dois, mas ao mesmo tempo mental. E aconteça o que acontecer, é uma pessoa que espero manter na minha vida. Até porque não devo nada a ninguém neste momento. E os termos e condições estão bem definidos para ambos - até porque a minha psicóloga me aconselhou a explicar a situação em que me encontrava - e está tudo bem. É algo que me tem deixado menos infeliz, nestes dias que teimam em marcar-me a pele.

dias e dias

Os dias não têm sido iguais aos outros, porque me tenho obrigado a fazer coisas novas, diferentes e de forma autónoma. Tenho evitado cair em rotinas, e tenho começado a cortar laços. Não é fácil passado tanto tempo, sentir-me solto, mas estou aqui, nesta posição, porque assim fui colocado. Não a procurei. Portanto só me resta organizar a cabeça, desta vez com ajuda profissional, e fazer o que faço desde sempre, que é: sobreviver

Talvez daqui a um ano, volte a reler isto tudo e conclua, que fui demasiado dramático ou reativo, mas a verdade é que, o que sinto neste momento não me permite ser, ou estar, de outra forma. Só sei que ter 44 anos não é o mesmo que ter 30, e muitos dos planos que tinha aos 30, têm de ser diferentes aos 44. Têm de ser mais rápidos, sem questões inúteis que prolonguem a sua concretização. Porque o tempo não para. E eu já não tenho tanto tempo como tinha. 

Não quero passar a ideia de coitadinho, ou que escrevo isto para terem pena de mim, mas como complemento à terapia que me encontro a fazer, não vejo melhor forma de me "consertar", do que voltar a hábitos antigos, que me fizeram tão bem e tão feliz. Mesmo que nada seja igual ao que foi. Mesmo que a blogosfera esteja quase morta. Mas não estou bem de momento - e de há uns anos a esta parte, verdade seja dita. Assumo que estou profundamente infeliz, numa infelicidade que perdura há demasiado tempo. 

Já me senti culpado, apesar de não ter culpa nenhuma. Já me senti uma merda, sem ter motivos para isso. E já me senti o gajo mais feio, disforme e horrível do mundo. São fases. São processos de luto, que erradamente, procuram respostas em nós, quando o problema sempre esteve nos outros. Não sou melhor que ninguém. Mas também não sou o pior da humanidade. Sou diferente. E é nessa diferença, que muitos valorizam, acolhem e gostam, que me sinto especial. E também é aí, que o foco tem de incidir. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

regressos

Passados 5 anos, desde a minha última publicação, regressei. Destruído. Arrasado. Com ataques de pânico. A fazer terapia. A descobrir-me e a reinventar-me. Todos os dias. Solteiro. Mas não sozinho. A onda de amor e de carinho, que recebi nestas últimas semanas, tem sido avassaladora. Até no mini "coming out" com a amigas da faculdade, senti ali solidariedade. Senti ali revolta pelo que passei. Senti ali proteção. 

Vou reler tudo o que escrevi para trás, e republicar tudo com o tempo necessário. Ao fim ao cabo, são as minhas cicatrizes, lutas e memórias, que aqui estão guardadas. Tenho que me relembrar do que fui, do que quero manter e acima de tudo, daquilo que não quero para mim e para o meu futuro.

Não é fácil perceber, que os últimos anos da minha vida, do relacionamento pelo qual lutei, e onde pensei residir a única ponta de verdade, acabaram. E sinto-me uma fraude completa. Um idiota. Um estúpido que acreditou no amor.

Enfim. A vida tem destas reviravoltas... tontas, mas que deixam marcas profundas na nossa alma. Julgo que nunca mais vou voltar a confiar em ninguém. E talvez a única coisa, que teve efetivamente sentido, tenha sido este blogue e tudo o que construí nele. Acho que nunca fui tão honesto, como aqui.


Provavelmente, esteja aqui, a minha única verdade.