terça-feira, 29 de abril de 2014

parabéns

Dizem, que os amigos são a família que se escolhe. Dizem, que quando sinceros, duram uma alma inteira. Vivem uma eternidade. E quem os tiver, tem a maior riqueza do mundo. E ao escrever isto, consigo esboçar um leve sorriso onde mostro os meus dentes brancos, polvilhados com aquela inocência infantil de quem descobriu o óbvio. De quem sente o seu coração apaziguado, quando pensa em alguém que lhe quer bem. Alguém como tu.

Dentro de ti jazem alguns dos meus segredos, como aquele nos unirá para todo o sempre. O de 28 de Janeiro de 2012. Onde, por minha causa, saíste a meio de uma peça de teatro. Vieste com o teu namorado ao meu encontro. Viste-me chorar. Fizeste o que podias. Vi nos teus olhos a inércia e sei, que te sentiste impotente. Mas isso hoje não tem importância porque já passou. Já se ultrapassou grande parte do problema, sabendo que sempre estiveste para, e por mim. E isso não se paga. Não se devolve. Aceita-se. Agradece-se baixinho, como que debitando uma reza ancestral perdida nas horas. Crava-se o teu nome no meu coração, sabendo que uma amizade pura e desinteressada sobrevive a ataques nucleares de intrigas, omissões ou até mesmo, a outros afetos ancestrais. Sei que não exigirás nada em troca, porque nada disso tem preço ou valor. Nada disso é cobrável. Nada disso é material.

E por tudo isto, e por tudo mais, não podia deixar fugir esta data. O dia que marca a tua presença terrena. Onde fazes trinta registos nesse livro, intitulado vida. Que comporta uma chama que se quer duradoura. Feliz. Assertiva e espontânea. Plena. Portanto, não podias ficar fora deste meu pedaço. Desta entranha anónima, mas sincera. Não podias ficar à margem deste meu percurso. Deste meu diário de parvoíces, frustrações, risos e choros… simplesmente porque fazes parte da minha vida. De mim. Daquilo que sou. E daquilo que fui algures.

Adoro-te.


Muitos Parabéns e um dia muito Feliz. 

domingo, 27 de abril de 2014

memória

  "Temos que exterminar esta gente pela raiz (...); 
os homossexuais têm de ser eliminados"

 Heinrich Himmler, Chefe das SS
[Plant, 1986, p. 99]


Na Alemanha Nazi de Hitler estima-se que nas denominadas "Listas Rosa", tenham identificado mais de 100 mil homossexuais, muitos deles condenados a terapia de "mudança de orientação sexual", outros castrados por ordem do Tribunal, sendo que, sensivelmente 50 mil (número estimado), tenham morrido nos campos de concentração. 

Mas mais que números e palavras, deixo ficar apenas o relato de Pierre Steel, cidadão francês, que esteve num campo de concentração por ser homossexual e a única vítima francesa a falar abertamente sobre o assunto:

"Não havia solidariedade para com os prisioneiros homossexuais; pertenciam à casta mais baixa. Outros prisioneiros, mesmo entre eles, costumavam agredi-los.
(...)
 Mas tardo em evocar a prova que para mim foi a mais dura, apesar de ter ocorrido nas primeiras semanas do meu encarceramento. Mais do que qualquer outra, contribuiu para fazer de mim uma sombra obediente e silenciosa entre as demais.

 Um dia, os altifalantes convocaram-nos para a Appellplatz. Sob os berros e o ladrar dos cães, apresentámos-nos de imediato. Dispuseram-nos em sentido, formando um quadrado, rodeados pelos SS como na chamada da manhã. O comandante do campo estava presente, com o seu estado-maior. Pensava eu que ele iria uma vez mais impingir-nos a sua cega fé no Reich, acompanhada de uma série de directrizes, insultos e ameaças, à imagem das célebres vociferações do grande mestre, Adolfo Hitler. Na verdade, tratava-se de uma prova infinitamente mais penosa, uma condenação à morte. Para o centro do quadrado que nós formávamos, trouxeram um homem jovem, ladeado por dois SS. Horrorizado, reconheci o Jo, o meu doce amigo de dezoito anos.*

Eu não dera pela sua presença no campo. Teria chegado antes ou depois de mim? Não nos tínhamos visto nos poucos dias anteriores à minha convocação pela Gestapo. Senti-me gelar de terror. Tinha rezado para que ele escapasse às rusgas, às listas, às humilhações. E ali estava ele, sob o meu olhar impotente embaciado pelas lágrimas. Ao contrário de mim, o Jo não tinha transportado correio perigoso, arrancado cartazes ou assinado declarações. No entanto, fora preso, e ia morrer. As listas estavam, pois, bem completas. O que se teria passado? O que lhe reprovavam aqueles monstros? Na minha dor, esqueci-me completamente do teor da ata de execução.

 Em seguida, os altifalantes começaram a difundir uma ruidosa música clássica, enquanto os SS o desnudavam. Depois, enfiaram-lhe violentamente na cabeça um balde de latão. Lançaram contra ele os ferozes cães pastores alemães, que o atacaram primeiro no baixo ventre e nas coxas, antes de o devorarem perante os nossos olhos. Os seus gritos de dor eram ampliados e distorcidos pelo balde. Rígido e titubeante, com os olhos esbugalhados por um horror sem nome e as lágrimas a correrem-me pelas faces, orei ardentemente para que ele não tardasse a perder a consciência.

 Desde então, ainda me acontece frequentemente acordar a meio da noite aos gritos. Decorridos mais de cinquenta anos, aquela cena passa-me incessantemente pela vista. Jamais esquecerei o bárbaro assassinato do meu amor, sob os meus olhos, sob os nossos olhos — porque fomos centenas a testemunhá-lo."
* O Jo era o namorado de Pierre


Moi, Pierre Seel, déporté homosexuel 
"Eu, Pierre Seel, deportado homossexual"
[Livro escrito por Pierre Seeel, 1994]

sábado, 26 de abril de 2014

noites

E depois de me babar por causa do PT o ginásio, vou-me babar pelo Capitão América. Cada um é para o que nasce (LOL). Bom resto de Sábado, e para amanhã, um Bom Domingo!

sexta-feira, 25 de abril de 2014

conversas

A propósito desta notícia lembrei-me de um rapaz de 25 anos, que me disse; que procurava apenas rapazes não assumidos, discretos, sem tiques, fora do mundo gay e capazes de ter um relacionamento reservado.

 Ontem, no café com o NF, lembrei-me do que o rapazinho me tinha dito. E comecei a dissertar:


- Sabes que isto é muito engraçado dizer que não nos assumimos, porque ninguém tem nada a ver com isso. É giro, aos 22 anos, viver na clandestinidade onde queremos um namoro, um amor de uma vida inteira, mas escondido, não porque temos medo que nos invejem ou nos roubem a cara-metade, mas sim, porque temos pânico sobre o que os outros nos vão dizer. Os amigos, a família, os colegas e todos os outros anónimos que nos observam na rua. Isto funciona durante algum tempo. Anos. Décadas. Mas viver vidas duplas, triplas ou quadruplas vai-nos corroendo por dentro. Vai-nos matando. Vamos ficando revoltados e infelizes. E no fim explodimos. Ou o que vamos inventar quando formos viver com alguém? 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

menino do continente | parte onze

Fábio acho que te vou trocar pelo Cláudio. Só para que saibas.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

20 casamentos inspiradores - antonio e jason - casamento 004

Antonio Tomaro, bancário na JPMorgan Chase & Co, sempre teve o sonho de se casar no The Plaza Hotel, em Nova Iorque, enquanto que Jason Bailey, CEO do Sun Broadcast Group, sempre imaginou o seu enlace num parque ao ar livre. Quando os dois resolveram casar, acordaram conciliar ambas as vontades e escolheram o dia 9 de Junho para o efeito.

Para que um dos sonhos fosse concretizado, optaram pelo The Plaza Hotel (que recebeu o seu primeiro casamento gay), mas ao mesmo tempo, tinham também que garantir a ideia do Jason. Assim, trouxeram o ambiente de um parque para o interior do hotel, apostando na topiaria (arte de adornar os jardins, dando às plantas diversas configurações) e nas flores, conseguindo transformar assim, metade do salão num espaço ajardinado. Complementaram o ambiente com a aplicação de lanternas, música ao vivo, áreas de descanso e um carro de cachorros-quentes.

Jason e Antonio 
[Os noivos optaram por um fato escuro, com gravata também ela escura]

 Ambiente
[Pormenor do ambiente do Salão do hotel, decorado nos tons dourado e branco, cheio de velas e muitas flores]

 Mesas
[Decoradas com centros floridos e complementados com inúmeras velas]

Altar
[Uma floresta]

Pormenor 
[Uma árvore criada para o efeito, com lanternas ]

Bolo de casamento
[Branco e dourado]

Quadro de indicação do casamento


Lembrança dos noivos
[Uma pirâmide de copos de champanhe com cartões para cada um dos convidados]

Menu 
[Os convidados podiam escolher entre robalo grelhado, costeletas de cordeiro ou rolo de galinha]

 Pormenor dos centros das mesas
[Jarras com orquídeas, hortênsias e  tulipas]

 Fotografia de grupo
[Os noivos e 8 Damas de Honor]

Pormenor das zonas de descanso


Nota: O crédito das imagens é de Brian Hatton Photography, sendo a reportagem da revista "the knot".

segunda-feira, 21 de abril de 2014

20 casamentos inspiradores - daniel e sauce - casamento 003

O Daniel Glaubinger é professor de educação especial e bibliotecário. O Sauce Leon professor de história. E embora quem leia esta descrição, possa pensar "que seca", a verdade é que eles queriam um casamento que fosse o oposto da ideia pré-concebida que muitos têm sobre as suas profissões. Como se conheceram em Filadélfia, quiseram casar lá. Onde? No Museu da Criança. O dia? 7 de Julho.

O casamento apostou nas cores vivas e berrantes, em peças vintage e toques artesanais de peças realizadas à mão.

Os noivos
[Daniel à direita]

 Os noivos
[Escolheram um traje não convencional e apostaram nos pormenores. Neste caso nas meias listadas]

 Ambiente
[Um carrossel? Yep. Um carrossel LOL Não foi no Museu da Criança? Faz sentido LOL]

O bolo de casamento
[Só aqui foi utilizada a "simplicidade" através da cor branca e dos pontos na textura. No topo, um conjunto de pássaros estilizados - "lovebird", em azul]


Pormenor das mesas
[Utilizaram-se nos centros de mesa, as jarras vintage que durante meses, o Daniel e Sauce procuraram, para criar este ambiente mais descontraído, alegre e colorido]

Ofertas dos noivos
[Bolos feitos à mão com a inscrição LOVE - semelhante à escultura de Robert Indiana]

 Livro de convidados
[Aos convidados foi dado um postal vintage de Filadélfia, que podiam depois escrever o que quisessem para os noivos]

A primeira dança dos noivos! 

Indicação das mesas com o Skyline de Filadélfia
[Amei!] 

Pormenor das lapelas
[Muito vintage]

domingo, 20 de abril de 2014

20 casamentos inspiradores - brandon e joey - casamento 002

 Apesar de viverem em Hong Kong por motivos profissionais, à data do noivado, Brandon Boothe e Joseph "Joey" Frasier Jr. optaram por casar em Atlanta. Para o local do enlace escolheram o Jardim Botânico daquela cidade e a data de 20 de Abril. Apostaram nas cores azul e branco, em comunhão com motivos orgânicos (fornecidos pelo espaço escolhido).

Brandon e Joey 
[Também neste enlace, os meninos escolheram um fato escuro, sendo que o Brandon escolheu um laço e o Joey uma gravata. E também aqui, escolheram os lírios do Nilo (jarros) para adorno na lapela] 


Ambiente 
[As mesas apresentavam toalhas brancas com centros em flores azuis e brancas, inseridas em fracos brancos ou garrafas de vidro azul complementados com velas azuis. Ao centro, uma projecção de imagens dos noivos]


Pormenor do centro de mesa

Ofertas dos noivos
[Apesar do tema geral, cada mesa tinha o nome de um local com significado para o Brandon e o Joey, sendo que as ofertas tradicionais dos noivos aos convidados estavam relacionadas com esse facto. Por exemplo, a primeira imagem corresponde à mesa da Tailândia e a lembrança era um elefante de Phuket e a segunda, a Sidney, na Austrália]


Nota: O crédito das imagens é do estúdio "Once like a spark photography", sendo que a reportagem é da revista "the knot". 

sábado, 19 de abril de 2014

20 casamentos inspiradores - drew e eric - casamento 001

A revista "The Knot" percebendo a importância sobre os casamentos gays e o mercado em ascensão neste sector, lançou uma revista digital sobre o tema, apresentando no seu primeiro número 20 casamentos inspiradores. E é esse exercício que trago para aqui. Ou seja, apresentar essas uniões uma a uma, sendo que talvez possa inspirar alguém. Nunca se sabe. Até porque nunca fui a nenhum casamento gay, mas estou disponível para tal... desde que não seja o padrinho. Pronto, se os noivos forem jeitosos, posso ser um padrinho à espanhola (AHAHAHAH). 

O Eric Kuhn (à direita da fotografia) é o CEO da empresa "FoundersCard" e casou com o seu noivo, Drew Watson, em Nova Iorque a 24 de Junho de 2013. O tema do casamento apostou no bamboo (que podemos ver nas cadeiras), no branco, nos lírios do Nilo (jarros) e nas orquídeas. 

 Drew e Eric
[Apostaram num fato preto com laço]

Pormenor da zona do altar
[O local do enlace escolhido foi Gramercy Park Hotel, em Nova Iorque. Veja-se as cadeiras em bamboo e os suportes para as velas brancas]

Pormenor da decoração 
[Lírios do Nilo e orquídeas brancas sempre presentes]

Pormenor das mesas
[Corridas, simples, brancas e minimalistas]

Convite de casamento
[Foi o que gostei mais de tudo. Super original]

O bolo de casamento
[Em preto e branco decorado com flores de açúcar]  


Pormenor dos noivos
[Um lírio do Nilo branco (jarro) no fato de casa um]


Nota: O crédito das imagens pertence ao fotógrafo Jen Huang, sendo a reportagem da revista "the knot"

quinta-feira, 17 de abril de 2014

episódio 10 - é pah… mas havia necessidade?

- Pois, ele não vai entregar o trabalho conforme estava combinado, porque foi de férias com o companheiro. Mas prometeu que nesse fim-de-semana prolongado iria esforçar-se para melhor o relatório.

- Tendo em conta que deveria ter entregado o trabalho no dia 3 de Janeiro, parece-me que ainda vai a tempo - respondi à minha chefe.

Trocámos umas palavras mais acesas e ela saiu da sala. Estava lixado porque o senhor anda a engonhar um capítulo há dois anos e falha, constantemente, os prazos de entrega. Já tivemos que colocar mais pessoas na equipa para fazer duas partições que lhe cabiam realizar e que ele não foi capaz de desenvolver. Disse tantas, mas tantas asneiras mentalmente, que a meio do meu processo de revolta pensei: "foi de férias com o companheiro? Ela disse foi de férias com o companheiro? Ó God ele assumiu-se perante a Chefe. Medo. Agora já não pode continuar a dizer que comia esta e aquela e que preferia aquela a esta". 

segunda-feira, 14 de abril de 2014

atitudes

Passei a hora de almoço a ouvir as minhas colegas/amigas, a queixarem-se de uma terceira. Diziam-me elas, uma solteira e outra com namorado, que a outra, desde que se casou, que se afastou delas. Que raramente saía sem o namorado e que tinha virado dona de casa (mesmo quando o marido ia para a borga com os amigos). Achavam mal, porque depois se o casamento acaba, ela fica sozinha. Não só porque se fechou sobre ela própria, mas também, porque deixou de cultivar as amizades que tinha. 

Tentei argumentar, que quando uma pessoa namora ou casa, é natural um afastamento dos amigos. Ou pelo menos, de um determinado estilo de vida que se levava. Mas a verdade, é que os meus argumentos foram-se desmontando um a um e efetivamente concordo com elas. Há mais vida para além de um relacionamento. Os fatores exógenos ao mesmo, permitem também que o dito funcione. Não é por dedicarmos a nossa vida a 100% a uma pessoa, que o namoro ou casamento vá resultar, ou que esta, seja a fórmula de sucesso. Acredito que esta "sufocação", de estarem sempre juntos, a fazer as mesmas coisas, só os dois, acabará por matar aos poucos, aquilo que se queria para sempre. 

domingo, 13 de abril de 2014

domingos

Já me passou a neura. Fui até ao Kaffa e estive com o NA. Tive a ouvi-lo e parece-me que o rapaz está a encarrilar numa nova relação. Fico feliz por ele e acho que merece. Num futuro, que espero próximo, deixará de pertencer ao clube dos solteiros e portanto as oportunidades que os outros deviam ter aproveitado, ficaram para trás. No meio da nossa conversa, entre uma água e um café, perguntou-me: 

- Então e tu? 

- Eu já estive mais longe de voltar a reatar o namoro - Respondi. 

- Mas já estão assim há quanto tempo? Seis meses? 

- Sim, quase. 

- Não sei porque não reatam de vez. 

- Não sei. Mas talvez aconteça mais depressa do que imaginas. 

sábado, 12 de abril de 2014

tardes

Um dos meus locais favoritos em Lisboa é o À Margem. Fica entre o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém, na área titulada pelo Porto de Lisboa. O estacionamento durante a semana é fácil e a vista é fenomenal. Há muito tempo que não ia até este espaço, mas nestes últimos dois meses, já lá fui duas vezes.

Fonte: Namorado

26 de Março de 2014:
Estive com a minha melhor amiga. Estivemos a “explanar” ao mesmo tempo que eu, pelo canto do olho, ia vendo os estrangeiros jeitosos que por ali passavam. Esses, e os portugas que correm à beira rio sem t-shirt. Estava um dia fabuloso, um sol que fazia lembrar o verão e os dias, em que apenas sorrimos porque sim. Estivemos a falar de nós, de como os nossos sonhos não se tinham concretizado, depois de termos acabado o curso, e que talvez, tivéssemos que emigrar. Trouxe-me uma lembrança da Turquia. Um amuleto qualquer para afastar o mau-olhado (e que pelos vistos não deu resultado porque tive um acidente com o carro depois lolol) ao qual achei imensa piada. Bebemos um chá vermelho para nos aquecer a alma e o sangue, ao mesmo tempo que ajudava a escorrer a conversa.

Fonte: Namorado

10 de Abril de 2014:
Levei duas colegas de trabalho (as mesmas do Peter’s) e estivemos ali a discorrer as nossas preocupações e a nossa vida. Estiveram sempre a dar-me na cabeça, inquirindo-me sucessivamente, quando é que começava a namorar com a minha melhor amiga. Confesso que já é uma conversa que me irrita. Se fosse hetero, acho que faríamos o casal perfeito, mas como não sou, somos os amigos ideais e não seremos mais que isso. Por vezes, gostava de lhes contar que sou gay… e só não o fiz ainda, porque além de minhas amigas, são minhas colegas de trabalho… embora tenha a certeza que continuariam a gostar de mim, como gostam.

Fonte: Namorado

A meio da conversa uma das minhas amigas começa a contar uma história da vida dela e começa a chorar. Pensei “isto não”. Olhei fixamente para o rio, para evitar derramar as minhas lágrimas. Odeio chorar. Sinto-me mais vulnerável do que já sou. E isso custa-me. Mas aguentei-me o mais que pude e confortei-a. As relações entre as pessoas são difíceis e como já escrevi repetidamente por aqui, nunca sabemos de facto, o que cada um vive e passa, sem que eles nos digam efetivamente. Portanto, julgamentos precipitados só dão asneira.

 Fonte: Namorado


Agora que vejo estes dois momentos, e muitos outros que passei ali (como por exemplo; o meu primeiro encontro, com o meu primeiro namorado, onde o sobrenome dele era o plural do meu nick noutro blogue que tive e eu achava que seria o universo a dizer-me algo) fazem deste espaço, o meu refúgio de eleição. Talvez aquele amigo, que nos recebe sempre de braços abertos, como se não nos visse apenas desde ontem, mesmo que sobre esse “ontem” tenha passados anos. 

posturas

- Mas porque não podemos ser amigos? Como és com esse NA? Porquê? Vamos ao café, por favor. Quero ser teu amigo. Já estou farto de andarmos a trocar mensagens. É que senão vou ter que tomar medidas. O que te custa? Não podemos ser amigos? Não tens amigos?

*Plim* O ****** enviou-lhe uma imagem 

*Plim* O ****** enviou-lhe uma imagem  

*Plim* O ****** enviou-lhe uma imagem 


 Comentário: Sou da geração de 80. Faço 34 anos este ano e já deixei de ser miúdo há muito tempo. Sou um homem responsável e sem paciência para dramas.... que não sejam efetivamente dramas. As pessoas preocupam-se com parvoíces e com "coisinhas", cuja importância na vida é tão insignificante, que quando chega a altura de fazerem balanços, percebem que perderam algumas oportunidades no seu percurso. E não. Na minha altura de adolescente, e nesta época de homem feito, quando se queria/quer ser amigo de alguém, não se enviavam/enviam imagens da pila e do rabo. 

segunda-feira, 7 de abril de 2014

coisinhas

Como sou boa pessoa, deixo ficar aqui uma ideia para as fotografias, que o Miguel R vai tirar, de forma a publicitar a sua pessoa "boazuda". Já tinha mencionado o José Cid, mas temos ainda o Quim Barreiros: 

Fonte: aqui


PS. Ainda bem que há héteros para perpetuar a humanidade. 

domingo, 6 de abril de 2014

basicamente...

... o concerto de ontem, apesar de ter sido fenomenal, deixou-me de rastos (psicologicamente). Por volta das 2h, e já com o segundo jantar do estômago, mandei uma mensagem a um caramelo a perguntar se queria ir ao café comigo hoje, porque tinha uma caminhada fotográfica e não estava com espírito para tal. Precisava de alguém divertido e diferente do meu rol de amigos, que me conseguisse abstrair do mundo. Recusou, porque já tinha coisas marcadas. Compreensível. Embora já seja o terceiro convite que me dá nega, (lololol) e portanto, não lhe vou dizer mais nada num futuro próximo (lol). Há que ter algum orgulho próprio.

Ainda ponderei realizar a dita caminhada... mas a vontade era zero. Mandei mensagem  a dizer que tinha um evento familiar, que não me iria permitir chegar a horas e assim não poderia participar. Entretanto, surgiu-me um convite para dar uma volta e lanchar. Aceitei. Estou mesmo a precisar de espairecer. Portanto, se me virem pelo centro de Lisboa, não é nenhuma miragem... sou mesmo eu. 

 Bom domingo a todos. Ou um bom Natal, se preferirem. 

silence 4

Só posso dizer-vos que foi mágico. Que adorei, amei e essas coisas todas. Sempre me senti um ET, porque nunca tinha uma música favorita, um álbum favorito, uma banda favorita "and so on". Mas quando os Silence 4 apareceram, isso mudou. Porque passei a gostar de um grupo, de um álbum inteiro e sabia as letras de (quase) todas as músicas de cor. Portanto, foi a banda da minha adolescência (tardia), que me fez dar o salto para outra vida que viria por ai.

Fonte: Namorado

Estava muita gente. Chegámos às 19h30m ao Parque das Nações e fomos logo para o interior do Meo Arena. O mano queria ficar o mais à frente possível na plateia, e apesar de já não ter idade para estas coisas, lá assenti. Mano é mano. Mal chegámos às barreiras policiais, só me lembrei de que poderia ser revistado, já mesmo em cima da “coisa”. “Fuck. Agora já não consigo escolher o polícia como deve de ser” – pensei. Ainda assim, consegui optar por um muito giro, arraçado de ruivo. E estava eu, já a pensar que ia ter aquelas mãos todas a apalpar-me quando o “senhor agente” me diz com um ar muito sério:

- Traz algumas armas consigo? Pistolas, bombas ou facas?

- Desculpe? – Fiquei tão parvo com a pergunta, que fiz aquela cara de quem pensa “este bebeu?”, e fiquei sem resposta na ponta da língua.  

- Ficaram em casa obviamente? – Perguntou, para tentar tirar-me aquela cara de parvo.

- Claro, claro. Essas coisas não se trazem para aqui – sorri. Ele sorriu de volta, deixou-me passar e eu fiquei derretido. Mas não fui apalpado. Pena.

Sobre o concerto em si foi genial. Por várias vezes tive que me conter para não chorar, mas ainda assim, houve alturas que fiquei com os olhos cheios de água. Não por causa da carga emocional do evento em si (serviu para comemorar a luta contra uma leucemia da cantora Sofia Lisboa), mas porque me lembrou o rapazinho de há 18 anos atrás, cheio de sonhos, cheio de vontade de querer vencer no mundo, com o ideal de encontrar o amor da vida dele e de ser feliz até à exaustão. Comparar esse miúdo, com o homem que hoje sou, fez-me querer chorar, porque muitos dos esboços feitos então, rasgaram-se com o vento das escolhas ou perderam-se na imensidão do tempo. Mas como diz a letra da música: “I will try again tomorrow”

sábado, 5 de abril de 2014

coisinhas

Pelos vistos hoje encarnei a Carmem Miranda. Se virem alguém de ananás na cabeça no concerto dos Silence 4, já sabem. 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

lembranças

A propósito desta publicação do Silvestre, lembro-me que há uns tempos atrás falava com um senhor já com alguma idade, que tinha um namorado com quem tinha um relacionamento de alguns anos. Sempre se apresentou perante a minha humilde pessoa, como professor de uma escola. E eu nunca liguei a isso. Um dia, descaiu-se e afinal descobri que o senhor era padre. Bom, devo dizer que me passei e fui muito duro no que disse. Porque para mim era a hipocrisia total. Ou da mais absurda. Lá se justificou, que no sermão que fazia aos Domingos nunca falava mal dos gays. "Mas dizes que é normal?" - perguntei eu. "Não" - respondeu-me. Falava do amor incondicional e que de não sei quem aos Coríntios. Passei-me novamente. O meu sermão foi tanto, que acabámos por perder o contacto. Eu sei que não sou o maior ativista gay, nem sequer participo em Prides e arraiais, mas quando sinto a hipocrisia e a falta de vergonha na cara, transformo-me e viro um fundamentalista da liberdade, da verdade e da coerência. 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

fim

Basicamente tem sido uma semana de trabalho da treta, com um tempo de treta e com novidades da treta. Tenho ido ao gym e esta semana já conseguir fazer peito, costas, bíceps, tríceps, abdominais e cardio (step, passadeira e elíptica). Andei a fazer questionários à chuva, estou constipado e super cansado. Também me nasceram duas borbulhas no nariz, talvez uma puberdade muito tardia, mas que me deixa com aspeto de palhaço. Mas tendo em conta as parvoíces todas que digo, parece-me adequado. 

Tipo, esta semana demora tanto a passar porquê? É que o fim-de-semana parece-me bem mais atraente, tendo em conta que irei, no sábado, ao concerto dos Silence 4 e no domingo andarei a passear por Lisboa, tal e qual um turista. E apesar de ter dito que não tinha muitas notícias dignas de serem noticiadas (o que é verdade), tenho alguns dilemas que espero partilhar convosco até sexta-feira. Meus e de conhecidos meus, e talvez aí, ao redigi-los, consiga perceber onde ando a falhar. Bom, mas por hoje já chega. Visita de médico eu sei, mas bombardearei os vossos humildes espaços, que tanto gosto, amanhã. Isto é, se não me envolver à porrada com alguns dos inquiridos. Portanto já sabem. Se virem um homem raivoso a fazer perguntinhas, façam o favor de ser simpáticos e responder. Talvez vos pague um café. E sim, espero que seja o FIM deste trabalho de campo da treta, porque ODEIO povo!