Corria o ano 2000. Já
vintage, comecei tarde. Ou melhor, prefiro pensar, que comecei na altura certa.
Quando fazia um trabalho na faculdade, um colega meu, por
quem nutri um certo (grande) fraquinho – aquelas pernas em calções justos são difíceis de
esquecer [LOLOL] – na sala de informática fez as apresentações oficiais:
- [...] este é o MIRC. MIRC, este é o […]!
Mal fiquei sozinho, a primeira coisa que fiz foi #gay. E vejo
uma data de nicks, uns com arrobas, outros com sinal positivo, que mais tarde
percebi que eram a elite da "coisa".
Ainda estava a habituar-me aquele mundo, quando
alguém, que já não me lembro quem, abriu um "privado" comigo (sentia-me num bar
de strip LOL). O meu nome, por ali, julgo que seria Riky. Nome inventado, obviamente, bem como a minha localização. Nunca era de Lisboa, era de um
concelho longe, só para descartar qualquer perseguidor mais afoito [LOL].
Aliás, os papás - e não só, sempre me ensinaram que não deveria de dar confiança
a estranhos, quanto muito, falar com eles.
Bom, adiante. Começamos a falar e vieram das perguntas da
praxe:
Desconhecido: “Ddtc”?
[Obviamente que me embrulhei todo!]
Riky: Desculpa. Qual é a pergunta?
Desconhecido: De onde teclas?
[Lá está, era um admirável mundo novo pelo que tinha
desculpa de ser ignorante LOL]
Desconhecido: a ou p?
Riky: a ou p?
Desconhecido: sim…
Riky: a ou p o quê?
Desconhecido: se és ativo ou passivo…
[Pergunta da morte. Sabia lá se era ativo ou passivo! Não
fazia a mais pálida ideia do que era um ativo ou um passivo. Só me lembrava do
sujeito ativo das aulas de Português! Mas tive que pensar de repente, e... desliguei o chat LOL!]
A verdade é que, nos
dias seguintes, tentei perceber o que era. Ativo ou passivo. Bom, cheguei à
conclusão que era passivo porque gostava que tomassem a iniciativa e era
tímido, portanto devia ser passivo [LOL]. Então, sempre que me
perguntavam, dizia que era passivo.
Sobre a pergunta se era gay, respondia sempre que
não. Nos primeiros meses, era sempre hétero curioso. Também gostava de me
apaixonar por mulheres, explicava e não me via a ter um relacionamento com um
homem. Portanto, não poderia ser gay. Depois, comecei a dizer que era bi. Não
sei se era por ser da moda, ou então, simplesmente tinha descoberto o conceito há pouco tempo. A verdade, é que me soava bem, era bi e achava-me menos gay por
isso (LOL). A fase gay só apareceu anos mais tarde, aliás, porque contra
factos… só há evidências [AHAHAHAHA]!
Bom, durante uns
tempos andei "enturmado" e parecia dominar os conceitos da "coisa". O “wb”, o “ddtc”,
o “a ou p”, o “vers” e outros tantos atalhos para uma conversa que se queria
codificada e rápida. Bom, tudo corria dentro da normalidade, até que um dia, me perguntaram se gostava de “frango assado”, ao que respondi:
- Sim gosto. Com batatas fritas e pickles!
[lllllllllllllllllllllllooooooooooooooooooooooollllllllllllllllllllllllllllllll]
Ó God, as vergonhas, a que uma pessoa se sujeita!