Obviamente que não cheguei. Não servi. Não fui suficiente. Não era o bastante para o meu ex-namorado. O meu corpo, pele e cheiro, não satisfizeram, e a minha maneira de ser, foi um "tanto faz" na ponderação de "estas atitudes vão magoá-lo ou não?". Basicamente, acabei por ser algo dispensável, ou simplesmente uma "coisa", que estava ali, como podia não estar. E apesar dele me dizer "que os 14 anos não foram uma fraude", eu sinto que foram. Que foram um desperdício da minha vida. Que foi um tempo perdido. Mas se ele não queria, ou estava farto, porque não me disse? Porque insistiu neste relacionamento em 2014, se eu era assim tão descartável? São questões que sei, que nunca vou ter resposta, mas que ecoam todos os dias no vazio da minha mente, quando penso na lógica (que não existe) disto tudo.
Tento, não viver (muito) martirizado com o facto, de que poderei ter sido "pouco", porque sei que não havia nada que pudesse ter feito, efetivamente, de maneira diferente. De vez em quando, ainda penso: "e se". Mas, o "se", é um exercício muito inglório ou ingrato, porque nunca vou ter a certeza que o resultado seria diferente. E no fundo, sei, que seria igual. Há pessoas sem capacidade emocional de querer o bem do outro - ou de se preocupar, e cujas suas necessidades primárias serão sempre mais importantes do qualquer mágoa que possam causar a terceiros. São assim. Há que aceitar.
Os meus amigos dizem-me "o que aconteceu não foi culpa tua e não havia nada que pudesses ter feito de maneira diferente". Eu sei. Todos sabemos. E o que muda? Nada. Também me dizem "estás giro", "ninguém te dá os 44", "estás com o melhor corpo de sempre, nunca estiveste assim" e "és muito boa pessoa, e alguém te irá valorizar por isso". Embora sobre estes elogios (que não sei se serão de pena ou comiseração), a minha autoestima não permite fazer uma avaliação isenta, apesar de ter consciência, que me sinto cada vez melhor, fisicamente falando, e que apesar de tudo, não sou uma "grande merda" - como me sentia há dois meses atrás. E se sei isto, o que muda? Nada. Porque a sensação de falhanço prevalece a cada dia.
Os gays dão demasiada importância ao corpo. Se fosse por uma questão de saúde, eu unir-me-ia ao coro, mas sinto que é tudo por estética. As pessoas só valem pelo “corpo” que têm. Os corpos perecem, envelhecem. O que fica é o carácter.
ResponderEliminarMark
Mark'zinho, tendo a concordar, até porque é verdade. Contudo, eu vou ao ginásio porque gosto de ir, gosto de sentir a evolução, saio de lá com a cabeça mais leve e acima quero gostar de me ver ao espelho. Também devido aos meus problemas de saúde, gosto de ter a "sensação" que os estou a minimizar, embora no colesterol isso não seja verdade - já tomo medicação. Mas sinto melhorias na respiração, na postura e na capacidade de resistência. Além de achar que tenho um bom peito (momento fútil do comentário ahahaha).
EliminarTambém tomo medicação para o colesterol e os triglicéridos. Comecei há pouco tempo. Engordei muito desde que vim para Espanha.
EliminarMark
O meu fator é mesmo genético. Nem com exercício físico e dieta consegui controlar.
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