segunda-feira, 22 de maio de 2017

jorge

Acho que todos na vida temos aquele momento em que nos interessámos por algum homem heterossexual. E quando escrevo "interessámos" é para não dizer "apaixonámos", porque no meu caso, essa era uma definição demasiado forte para o que aconteceu. Durante a minha vida tive interesse por homens heterossexuais, ou seja, achava piada a um, giro a outro, só pensava no rabo do Mário, ou no corpo do musculado da turma do desporto (Rui). Esse interesse sempre foi físico, até porque sempre achava que seria uma fase. Nunca tinha pensado em casar-me com um rapaz heterossexual ou o que o iria converter alguém no que quer que seja. 

Um dia, um grupo de amigos meus da faculdade, veio buscar-me a casa para irmos a uma discoteca na praia, porque na altura não tinha carro e andava sempre dependente dos outros, e como a malta gostava a minha companhia, fazia o "sacrifício", e lá íamos nós todos contentes. Nessa noite veio o Jorge. Alto, magro, de cabelo espetado e super simpático. Apesar de nunca o ter visto antes, houve empatia entre nós. Falámos imenso, e os nossos olhares dançaram muitas vezes nessa noite. Ele tratou-me bem, meteu-se comigo a noite toda e parecia que éramos amigos de longa data. 

Ele tratou-me de uma forma, que os meus amigos heterossexual nunca o tinham feito até então, e isso foi o suficiente para começar a pensar em "coisas". Escrevo "coisas" porque não sei muito bem qualificar o que seriam, mas da minha parte houve interesse. Havia interesse estar ao pé dele, conversar com ele, ouvir as opiniões dele ou simplesmente estar a olhar para ele. Não sei se ele algum dia percebeu isso, mas se o percebeu, nunca o demonstrou e nunca me tratou de maneira diferente. Como morávamos longe, e não mantínhamos contacto (não é como hoje que basta ter uma página de Facebook) raramente estava com ele, e quando estávamos juntos, é porque pedia aos meus amigos para o convidar, quando saía o grupo da faculdade. 

Mas verdade, é que nunca aconteceu nada entre nós, nem tive nenhum desgosto de amor, mas foi a primeira vez que senti conexão com alguém que ultrapassava em muito o plano físico. Ele hoje está casado e tem filhos, e raramente nos vemos, mas quando me vê continua a tratar-me com aquele afeto de irmão mais novo, que me fez olhar para ele de uma maneira diferente. Pena, é que seja homofóbico. 

4 comentários:

  1. Tinha tanto para contar no campo das paixões platónicas com heteros....
    :(
    Pior...alimentadas por eles
    :-/

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    1. Também deves ser fresco, deves.

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    2. Nas alturas em que tinha paixões platonicas por heteros era uma virgem burra.
      Assim que dei primeira queca com amigo de infancia, foi um desabrochar em mim de sensações....ahahahahaah...nunca mais houve paranças!

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