quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

atitudes

Ponderei muito em escrever esta publicação. Primeiro, porque a história não se passou comigo, e segundo, porque não pedi autorização à pessoa para a contar. Não ficaria minimamente preocupado com esta última parte, se a pessoa não lesse este blogue, embora de forma anónima (nunca comentando), nem fazendo conversa comigo sobre o mesmo. Talvez porque tenha medo, que depois eu perca a tal “liberdade”, que falei noutro dia, noutro texto. Mas a verdade, é que desde que ele me contou… o que irei escrever de seguida, que o assunto não me sai da cabeça… principalmente porque nunca pensei que pudesse acontecer algo semelhante. E pela maneira que me contou e a expressão facial que produziu quando o fez, vi que o assunto não está resolvido.

Há uns anos atrás, esse meu amigo foi conhecer um rapaz com quem falava na internet. No mIRC, julgo eu. Aliás como muitos de nós já o fizemos, seja através dessa aplicação ou outras mais evoluídas. A verdade, é que quem frequentava o mIRC, sabe que raramente se enviava fotografias do rosto, sendo que muitas vezes, íamos “às cegas”. E eu fui um desses. Quando achava que a pessoa era de confiança, marcava um café… e lá ia eu, mesmo sem saber de facto de quem se tratava. Se fosse hoje não o faria. Mas adiante.

A história começou no mIRC. Desenvolveu-se. Trocaram-se contactos. Falava-se imenso. E resolveu-se efetivar um encontro ao vivo e a cores. Tudo parecia correr bem. Depois, para primeiro frente-a-frente optaram por um programa ligeiro: um cinema. E assim foi. Na altura nas Twins Towers. Encontraram-se, julgo que se tenham cumprimentado, falado alguma coisa e só depois é que entraram para assistir ao filme. Na altura do intervalo, o rapaz disse ao meu amigo que ia à casa de banho e que já voltava. Mas não voltou. Deixou-o simplesmente sozinho sem lhe dizer mais nada. Nada. Nada de nada. E depois, julgo que terá “morrido” também para a vida.

Também tive muitos encontros nessa altura. E como puto estúpido que era, ia naquela que iria encontrar o homem da minha vida. Ou melhor, queria corresponder o que tinha imaginado à pessoa real. E isto nunca se concretizou. Porque a pessoa real não é uma personagem. Fiz muita coisa que me arrependi. Nomeadamente deixar de falar a pessoas posteriormente aos “dates”. Ou seja, foi-se perdendo o contacto e o encanto. Talvez hoje, eventualmente, até poderiam ser as minhas melhores amigas. Mas como já escrevi, era estúpido, preconceituoso e imaturo. Mas nunca. Nunca disse a ninguém que ia à casa de banho e fugi. Sim. Porque é disso que se trata. Estamos a falar de cobardia pura e dura. Obviamente que não sou hipócrita. Há pessoas que gostei de conhecer, outras nem por isso. Mas tinha um lema. Deixava o café fluir ao mesmo tempo, que tentava sentir a pessoa. Se visse que havia correspondência na conversa e nos interesses, deixava-me ficar até o outro lado dizer que tinha que se ir embora. Caso contrário, sabia que tinha um autocarro a determinada hora, e não deixava ultrapassar esse horário, sob pena de ficar em “terra”, sendo que a outra pessoa, eventualmente, não merecia isso.

Mas o que me chocou na história do meu amigo, foi a facilidade com que alguém se esquece, propositadamente, que todos vivemos de sentimentos e que as atitudes deixam marcas. Porque esse cabrão (para não lhe chamar outra cosia pior) só demonstrou com essa atitude, que a sua qualidade enquanto homem é nula. Que não tem valores. E que é idiota. Mas como tudo na vida, acredito que esta se encarregará de lhe dar as tampas necessárias até esse cabrão perceber que a mágoa é coisa que fica e machuca.


E sejamos sinceros meus amigos, a verdade, é que quando embarcamos neste tipo de aventuras, temos que ir de peito aberto e não criar a expectativa, que vamos encontrar o príncipe encantado. Vamos acima de tudo, encontrar pessoas. Que choram. Que riem. E a quem podemos agradar. Ou não. Ou ficarmos agradados. Ou não. Temos que ser educados e homenzinhos, porque “não faças aos outros, o que não gostavas que te fizessem a ti”. E fugir nunca será opção. 

20 comentários:

  1. Todos teremos histórias dessas certamente... umas mais felizes que outras...

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    1. Mas esta é demasiado má para quem a fez Shoes. É imperdoável.

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    2. Infelizmente conheço muitas assim do género... ainda hoje um amigo meu me contou uma do género...

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    3. Medo. Ainda há muita gente estúpida estou a ver Shoes.

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  2. É impressionante como as pessoas podem ser malvadas com as outras... para além de toda a falta de educação, caráter e o que mais possa se falar... esse tipo de situação é extremamente cruel porque mina a confiança do outro, lhe impõe uma dúvida, que se a pessoa não for bem segura de si, ou se não estiver em um bom dia... pode causar feridas muito profundas.

    Sempre digo que ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas além de educação, todos devemos ter respeito pelo outro... entendo teu inquietação em relação a essa situação.

    Um abração para você e para teu amigo! (Espero que ele não se chateie (muito), como diria minha mãe, sabe-se lá do que ele se livrou!). ;-)

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    1. É verdade Latinha. As pessoas são capazes de tudo infelizmente. E mesmo aquelas em que mais confiamos. Fiquei revoltado, porque acho que é uma atitude que ninguém merece, e muito menos ele, que é muito boa pessoa. Nunca ninguém disse que temos de gostar de toda a gente, mas temos sim, que ser educados e verticais.

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  3. Nunca tinha ouvido uma história assim, e acho que ficava traumatizado se isso me acontecesse. Que idade tinha o gajo que fez isso?

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    1. Vintes e muito poucos Coelho. E não me venhas com a desculpa da idade. Que também já tive aquela idade, e nunca fiz uma dessas.

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  4. Antes de tudo e uma tremenda falta de educação. Há pessoas realmente que só olham para o seu umbigo ...

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    1. Eu acho que esta atitude diz tudo sobre essa pessoa. Vergonhoso Horatius.

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  5. Uma atitude reprovável a todos os termos. Nunca frequentei 'sites' de amizades ou engates. Todavia, fazendo-o, jamais deixaria de falar fosse com quem fosse por factores físicos. Aliás, reduzir as pessoas a esse critério é tão abominável. Não havendo qualquer tipo de reciprocidade de interesses, paciência, um encontro é um encontro e não há nada como tratar os outros com respeito.

    O ano passado aconteceu-me algo (que tu até comentaste) substancialmente diferente, mas que se cruza com a situação que descreveste: conheci um rapaz através de uma amiga e, no dia em que nos conhecemos, após caminharmos um pouco ali pela Cidade Universitária, perguntou-me se 'tinha local e a que horas'. Senti-me tão, mas tão mal. Senti-me sujo, desrespeitado na pessoa que sou.

    Há duas soluções para isso: ou cortam com esses encontros 'às cegas', vá, ou terão de ganhar anticorpos. Tudo pode acontecer. Há gays que até são assassinados por bandos quando marcam encontros...

    Os afastamentos fazem parte da vida. É doloroso. Bem pior quando alguém continua a pensar e a amar, quando o outro já não está 'nem aí'.

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    1. Sim Mark, mas estamos a falar de fases. Há 10 ou 11 anos atrás, as coisas não eram tão abertas como são hoje, sendo hoje ainda, muito fechadas. Para conheceres pessoas, para amizade ou para o que fosse, só conseguias fazê-lo mediante estes subterfúgios ou então, ias a bares gays ou assim. Mas para quem tem 20 anos e não morava em Lisboa, ir a bares gays era impensável, sendo que fazer amizades por lá... ninguém entra num bar e diz "quem é que quer fazer amizades comigo?"... tipo, o pessoal levava para o engate e era bem capaz de perguntar "tens local? E a que horas? O que interessa aqui reter, é que uma pessoa foi conhecer outra, e a meio de um filme, no intervalo fugiu e não disse mais nada. E isto sim é um medo. Uma atitude bastante reprovável.

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    2. Namorado, em parte alguma do meu comentário encontras qualquer tipo de crítica aos bares. :) Eu meço sempre muito bem as palavras de forma a transmitir exactamente o que quero.

      No meu caso, e daí a indignação perante o que ouvi, não conheci o dito rapaz em bares gay ou afins. Conheci-o através de uma amiga e ele sabia até, e que isto não soe a presunção, o meio de onde vimos. Vira-se para mim e pergunta-me se eu 'tenho sítio'. Não é normal. É o mesmo que um colega da faculdade, na segunda, perguntar-me o mesmo. Não é suposto.

      Claro que se frequentas sites de 'engates' ou bares gay, sim, tens obrigação de saber o que poderás encontrar, daí os anticorpos. Tudo pode acontecer. Até podemos conhecer um rapaz excelente, mas temos de estar preparados para o pior.
      Foi isso.

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    3. Markzinho mas eu não falei que estavas a criticar os bares, apenas quis demonstrar que há 10 anos atrás, era muito difícil conhecer jovens gays (e 10 anos antes, mais difícil seria certamente). Hoje em dia os jovens têm a vida mais facilitada em relação a este ponto.

      Sobre o teu caso, apenas conheceste um rapaz que pretendia esvaziar os tintins. Não tens que te sentir mal por isso, Cada um procura o que procura, e tu apenas procuras melhor. Only that.

      E não precisas de ir a bares para conhecer más pessoas. Basta apenas conhecê-las através de amigas LOLOL E estás a focar muito a questão dos bares. A única crítica que fiz, foi que para jovens de 18/21 anos, conhecer homens gays, não sabendo muito bem o que são e para onde vão, era mais "fácil" falar através de um nick num programa de computador do que ir propriamente a um bar gay. E conhecendo todos os riscos inerentes a encontros às cegas, era preferível isso do que ir a um bar ou disco gay, também devido ao preconceito que tínhamos na cabeça. Por isso é que marquei sempre os meus encontros em sítios com muita gente :)

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  6. olá Namorado,
    reprovável, no mínimo! NINGUEM merece isso!
    queres ir ao cinema? juro que não te deixo no intervalo... e sei que tu também não o farás
    abraço e bom fds
    João

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    1. Há coisas que acho que não faria João. Porque apesar de criticar muito a educação com os meus pais me deram, em relação a algumas coisas, devo dizer-te que nesse ponto, eles acertaram em cheio. E sim ninguém merece isso, porque é uma atitude deplorável. Nunca deixei ninguém sozinho ao intervalo lolol E sempre me despedi das pessoas :) Gostasse, ou não de estar com elas :)

      Obrigado e para ti também João. Grande abraço

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  7. Pois é, a vida porque também é feita de expectativas, nem sempre nós as criamos. Ou elas aparecem vindas do nada (que não acredito...) ou então alguém dá-se ao trabalho que as criar. Nada melhor que não esperar nada do acaso.

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    1. Sim Limite, verdade. Quando menos expectativas criarmos menos desilusões teremos. Não digo que sejamos pessimistas, apenas que não façamos a festa antes das coisas acontecerem. E se tivermos uma postura descontraída face à vida, termos algumas (boas) surpresas depois.

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  8. A estupidez é sempre cruel e há muita por aí, infelizmente.

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