sexta-feira, 25 de abril de 2014

conversas

A propósito desta notícia lembrei-me de um rapaz de 25 anos, que me disse; que procurava apenas rapazes não assumidos, discretos, sem tiques, fora do mundo gay e capazes de ter um relacionamento reservado.

 Ontem, no café com o NF, lembrei-me do que o rapazinho me tinha dito. E comecei a dissertar:


- Sabes que isto é muito engraçado dizer que não nos assumimos, porque ninguém tem nada a ver com isso. É giro, aos 22 anos, viver na clandestinidade onde queremos um namoro, um amor de uma vida inteira, mas escondido, não porque temos medo que nos invejem ou nos roubem a cara-metade, mas sim, porque temos pânico sobre o que os outros nos vão dizer. Os amigos, a família, os colegas e todos os outros anónimos que nos observam na rua. Isto funciona durante algum tempo. Anos. Décadas. Mas viver vidas duplas, triplas ou quadruplas vai-nos corroendo por dentro. Vai-nos matando. Vamos ficando revoltados e infelizes. E no fim explodimos. Ou o que vamos inventar quando formos viver com alguém? 

17 comentários:

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    1. Sad quando chegarem aos 33, quase 34, vão perceber isso que escrevi o que sinto. É natural que isso aconteça. Não digo que seja com todos porque muitos vão ficar "heteros" frustados, mas "heteros" e outros dentro do armário até morrer.

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  2. De vida duplas já tinha ouvido falar, de triplas ou quadruplas nunca. Por exemplo quem tem vida tripla faz o quê?!

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    1. Não faz nada Limite, porque não tem muito tempo livre para fazer o que quer que seja...

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  3. Infelizmente, é bem real. Acabam por destruir famílias e tudo o que está a volta. Um par de estalos e mesmo assim era pouco!

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    1. As pessoas têm medo de ser sinceras... mas sejamos realistas Anselmo até à pouco tempo em Portugal (antes de 1974) os gays eram perseguidos e presos e um pouco antes disso na Alemanha de Hitler eram exterminados nas câmaras de gás. É natural que as pessoas tenham medo, porque ainda falta muito para mudarmos a mentalidade do mundo inteiro. E como remate, e para dar um exemplo actual, há gays a serem mortos e queimados na Nigéria em 2014.

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  4. Olha, eu ainda não tenho 30s, mas compreendo-te. No entanto, sou um fraco. E sim, admito-o. Não consigo contar aos meus pais, que na verdade são os únicos que interessam. Para o resto do mundo estou a lixar-me, para eles é que não. E se mais escondo, em parte, é porque não quero que eles fiquem a saber...

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    1. Horatius, deixa-te ultrapassar os 30 e ficares com os 40 no horizonte. Começas a querer assentar e ter estabilidade emocional e viver com uma pessoa... e não vais aos 35 dizer que vais partilhar casa com um amigo...

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    2. Então tu já contas te aos teus? :-)

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  5. Bem a minha família também não sabe de nada. No entanto, sei que esse passo, um dia, será inevitável, pois eu quero ter uma vida a dois.
    Daí conseguir perceber onde queres chegar.

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    1. Não é fácil esconder certas posições e opções Rúben. Porque vais chegar a um ponto e parece que tens uma vida de mentira. Uma vida para ti e para o teu namorado, outra para a tua família, outra para os teus amigos, outra para os teus colegas de emprego e vais sentir-te esgotado.

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  6. os meus pais sabem, mas vivem em negação. também só me vou reafirmar quando estiver numa relação estável com algué, tipo "vamos viver juntos!"

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    1. Também acho que não vale a pena o confronto só pelo confronto neko. A tua perspectiva parece-me acertada.

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  7. Por acaso tenho 22 anos e não me revejo nesse rapaz. Não faço para já questão de dizer às minhas colegas que sou gay. Num mundo de mulheres prefiro que falem antes da vida delas do que estarem a meter-me ao barulho nas coscuvilhices. Só por isso. Mas em relação à parte da família, amigos e conhecidos, toda a gente sabe.

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    1. M.S. não digo que é obrigatório, nada disso. Apenas constato que chega a uma certa fase da vida e vemos que estamos um bocadinho vazios.

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  8. Falei com os meus pais muito cedo, tinha 17 anos, e a partir daí foi um processo de habituação para todas as partes. Hoje é na boa, e adoram o meu namorado. Os amigos sabem desde os 16 anos. A partir do momento em que assumi tudo o que era, o que não passava só pela minha intimidade sexual, tornei-me tão mais feliz e tão melhor pessoa. Hoje, e tenho amigos que me gozam, repito constantemente que o importante na vida é assumir. Assumir o que se é, o que se gosta, o que se defende, como se vive. Assumir não passa por espalhar e divulgar, assumir passa sim por interiorizar e respeitar, exterior e internamente. Mas isto são empirismos da minha parte :-)

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    1. E acho que tens uma certa (muita) razão Meia Noite e 1/4. Passa primeiro de tudo assumir para nós próprios e não somos todos iguais. Uns demoram mais tempo, outros nem por isso. Olhando para trás vejo que sempre soube que era gay, mas aquela ideia de me querer encaixar na "normalidade" fez com que adiasse esse assumir para mim mesmo. A verdade é que ainda existe muito o apontar do dedo e a "procura" por terceiros de gays. Como se isso fosse algum jogo para ver quem descobre mais homossexuais. A sociedade está a mudar é verdade, mas é um processo lento e ainda tem muito que mudar.

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Este blogue não é uma democracia e eu sou um ditador'zinho... pelo que não garanto que o comentário seja publicado. Mas quem não arrisca...