Estava a deixar este
assunto para amanhã. Primeiro, porque tive uma semana complicada. Depois,
porque estou cansado. Mas como diz o povo; “Não deixes para amanhã o que podes
fazer hoje”. Confesso, que sempre fui um insensível com a questão da co-adopção
e da adopção de crianças, por parte de casais (ou pares) do mesmo sexo. Talvez
isso seja um sinal de imaturidade da minha parte, porventura até, decorrente da
ausência de instinto paternal, sendo que sempre afirmei; não querer ter filhos.
Contudo, com o decorrer da minha vida, e das experiências que tenho tido, posso
afirmar, inequivocamente, que aos 33 anos, e no uso total das minhas faculdades
mentais, não coloco essa hipótese de lado e a convivência que vou tendo com os
filhos dos meus amigos, vejo até, que daria um bom pai.
Mas centremo-nos no
que importa. Hoje, em Portugal, e através de Assembleia da República Portuguesa,
aconteceu um dos momentos mais negros da história recente do nosso país. Aprovou-se
um referendo sobre a adopção e co-adopção de crianças por parte de casais, ou
pares, de pessoas do mesmo sexo. À primeira vista, muitos dirão: ”e então?
Também não sou bem a favor… quer-se dizer dois homens, ou duas mulheres, ah e
tal.”
Pois bem, o que se passou é muito grave. O que se passa é
demasiado grave para ficar sem sanção. Estamos a falar de pais, divorciados,
solteiros, ou viúvos, que encontraram a pessoa da sua vida, curiosamente do
mesmo sexo. Com a Lei aprovada recentemente na Assembleia da República, era
conferido o direito da co-adopção ao outro conjugue (faltava ainda a votação global final). Isto é, imaginemos um
agregado familiar, constituído por dois homens, e uma criança, onde o pai biológico
morre. Pensemos, também, que neste cenário, a família do progenitor não existe.
Ora, é natural, que a criança fosse confiada ao outro conjugue, dado que iria existir a possibilidade de co-adopção. A Lei, aprovada nos moldes actuais, foi feita
para isso. Para precaver estas situações. Mas o que esta atitude por parte dos
Senhores Deputados trás, é precisamente, um voltar atrás. Proibir novamente a
co-adopção (mesmo antes de a permitir). Então, neste caso, a Justiça, no cumprimento da Lei (pelo menos
para alguns) retira a criança e coloca-a numa instituição. Sozinha. Arranca-a do
seu ambiente familiar, que bom ou mau, é o dela, não permite que o outro
elemento assuma a responsabilidade da sua educação e arrasta-a para um processo
de eventual adopção por parte de outras pessoas. Por parte de casais heterossexuais.
Isto é de uma violência extrema. Para todos.
Lembro-me de um caso, que ouvi falar em tempos, julgo que em
Leiria, de um homem que tinha uma filha, e vivia em comunhão com outro homem, e
onde um Juiz ordenou que para que o pai ficasse com a filha, teria que se
separar do seu companheiro.
E mais. O que que é pior? Viver toda a vida num orfanato? Ou
ter dois pais, ou duas mães, uma família, carinho, amor, respeito, valores, um
caminho decente e capaz de conquistar a felicidade de todos? É espantoso, que
alguns miúdos do PSD tenham colocado este partido (se o podemos chamar disso)
refém da homofobia. E muitos desses deputados, que votaram contra, quantos
serão gays? Bis? Alguns serão de certeza. De certeza. Absoluta. E votaram
contra os “seus”. Qualquer semelhança dos Judeus, que denunciavam Judeus, na
segunda guerra mundial, para garantir a sua sobrevivência, não é nenhuma
infeliz coincidência.
Não sou um super activista. Mas estas merdas revoltam-me. E
irei participar activamente na campanha daquilo que é correcto e estarei nas
urnas para votar, naquilo em que acredito, e acima de tudo, de forma a não
permitir que se avance com esta atrocidade.
Eu também tenho algo a dizer sobre isto. Amanhã ou depois, não sei, falarei sobre este tema, sob um ponto de vista jurídico, não deixando de ser pessoal.
ResponderEliminarAssistimos a momentos degradantes da política e dos políticos nestes últimos dois dias, o que põe em causa a democracia representativa.
E não foquei sequer a questão de referendar as liberdades individuais de cada um. Porque isso é também revoltante caro Mark. Mas para esse capítulo, com certeza que darás o teu valioso contributo.
EliminarSe tiverem juízo, ainda acabam por fechar este "circo" antes que pegue fogo....é um verdadeiro atentado e uma verdadeira inconstitucionalidade, além de uma violência e brutalidade...
ResponderEliminarToda esta situação demonstra a podridão que a política deste país chegou. É um nojo. E o Presidente da JSD é um nojento.
EliminarComo disses te, e Bem, haverá muitos gays no PSD e na própria JSD. E muito sinceramente nunca percebi o cinismo todo que envolve estas questões em torno da homossexualidade, sobretudo das jotas, que por serem jovens, teriam desculpa para votar estar do lado destas políticas.
ResponderEliminarE há ainda a questão legal, pois creio que o processo têm uma qualquer irregularidade e que pode vir. A ser declarado inconstitucional. Mas isso o amigo Mark saberá esclarecer nos melhor que ninguém:-)
Conheço alguns gays ligados ao PSD. E sei de alguns CDS's e acima de tudo ligados a Paulo Portas. Mas a vergonha maior, e como tão bem dizes, é como é que jovens conseguem ser tão tacanhos. Há pessoas mais velhas, de outras gerações, que conseguem ver mais além. Porventura, como nunca viveram em ditadura não sabem dar valor a questões tão elementares como a liberdade, a fraternidade e a igualdade (lema da Revolução Francesa e Americana e do regime republicano).
Eliminarespero que as votações sejam depois de março, se realmente existirem, assim eu já poderei dar a minha voz, para falar por aqueles que não podem.
ResponderEliminarIsto é uma tremenda estupidez.
Kyle e temos que obrigar a família, os amigos e conhecidos a votar na opção certa. Só assim faremos a diferença. Só assim poderemos contribuir para um mundo melhor.
Eliminarnão, com isso já não concordo, eu não os posso, nem devo obrigar a nada, eles têm o direito a votar naquilo que querem, seja eu de acordo ou não... mas claro que gostava que votassem a favor da co-adoção
EliminarNão é obrigar, caro Kyle, é mostrar que a solução não é essa e que estão errados. E que com essa decisão errática podem comprometer a vida de crianças e tirá-las a famílias já consolidadas. Por exemplo, existe uma senhora, que tem dois filhos e vive com outra senhora. São uma família. Contudo a mãe biológica está a morrer, tem cancro e não sabe se vai sobreviver. É claro que ela queria garantir um futuro aos filhos. Uma família. É natural para ela, que se morrer, os filhos fiquem com a companheira. Mas com a legislação, a porta abra-se para que essas crianças sejam atiradas para uma instituição qualquer e acima de tudo, que possam ser adoptadas por famílias, ou pessoas, que não têm nada a ver com elas. E elas, têm uma família. Têm um lar. Têm raízes. Como é que explicas a essas pessoas, a essas crianças, que não podem continuar com a sua família? Que além de perderem uma mãe, perdem a outra? Perdem o seu quarto, a sua vida?
Eliminarcomentei no fb o seguinte: 'que tristeza. como se pode referendar o amor?'.
ResponderEliminardá-me vómitos o rapazola da jsd que conseguiu levar avante este circo. não passará, estou certa.
Um ignorante, Margarida.
EliminarBravo! Excelente texto!
ResponderEliminarObrigado Pedro. Mas ficou muito por dizer. :)
EliminarOlha caro amigo, eu estou tão revoltado com a situação que aquele gente só me mete nojo e como tal deveriam ser tratados como nojentos. Já está mais que visto que daquela Assembleia da Republica sai tudo aquilo que não deveria sair. Despista-se a sociedade com problemas fraturantes para esconder outros. Uma vergonha.
ResponderEliminarJoão, e o problema é que as pessoas que podiam ajudar a dar uma volta a isto, não querem saber. Ficam em casa e não votam. Mas se este referendo for para a frente temos que as obrigar a sair de casa e a votar. Temos que dar uma lição a este gente de uma vez por todas.
EliminarHipocrisia total...
ResponderEliminarUma vergonha mesmo.
EliminarNão tenho palavras para falar disto! Nunca foi um assunto a que eu estivesse particularmente atento, até porque já à muito deixei de lado a ideia de ser pai!
ResponderEliminarMas sinceramente não consigo perceber os argumentos desta gente... há tantos casais heterossexuais que não devia sequer poder ter filhos porque não nem têm as mínimas capacidades para educar uma criança, mas aí está tudo bem, o problema é se o casal for gay! Não percebo! Acho vergonhoso e demagógico...
As pessoas quando não têm argumentos, não vale a pena. São tacanhos.
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