Perguntaram-me, se não acreditava que um casal de namorados pudesse juntar e ser um caso de sucesso, depois de uma separação. Respondi que sim, que acreditava, mas que por norma não confio nas pessoas. Seja porque motivo for. E aqui não coloco restrições sobre o tipo de relacionamento.
Desde pequeno, que as pessoas me mostraram do que são capazes, pelo que, quando tenho um gesto de bondade, de alguém que desconheço, fico sempre de pé atrás. Não sei. Mas como já me fizeram tantas, fico sempre desconfiado. Tive grandes amigos que não tiveram qualquer pudor em revelar os meus desabafos para subirem na "hierarquia do grupo", e já levei tanta porrada só porque sim (ou porque era demasiado "sensível", ou porque me ria, ou porque era gozão, ou porque chorava, ou porque tinha qualquer coisa na pele que irritava os "machões"), que normalmente não consigo confiar à primeira, à segunda, ou à terceira. Tenho o meu tempo para processar alguém e decidir se acredito ou não. Até o meu irmão, um dia na sua adolescência parva, descobriu umas folhas onde escrevia alguns dos meus problemas existenciais de então, e resolveu ir contar o que tinha lido para o nosso grupo de amigos em comum.
Para mim, a palavra "confiança" é difícil. Bem sei, que por vezes temos que arriscar para obter alguma coisa, mas como penso logo o pior das pessoas, consigo dificultar ainda mais a tarefa. Em bom rigor, se criar expectativas baixas sobre alguém, ou alguma coisa, dificilmente sairei magoado. Talvez por ser assim tão fechado, só tenha criado um grupo de amigos, quando "abandonei a aldeia" e fui estudar para Lisboa. Ainda hoje, os meus melhores amigos são os da faculdade. Entretanto, também consegui arranjar algumas amizades no trabalho, mas ainda assim, não falo de tudo com todos. Não sei. Acho que mesmo confiando nestas pessoas, tenho medo que elas me deixem ficar mal. Tudo bem, que hoje já consigo lidar melhor com o problema da desilusão (tenha ela a forma que tiver) do que lidava, mas isso não diminui o custo da coisa. Porque ao fim ao cabo, ser magoado por alguém que amamos, custa muito mais do que se fosse por alguém que não nos é nada.
Para confiar em alguém é complicado porque imagino que há sempre uma 2ª intenção e sei que as pessoas falam mal umas das outras.
ResponderEliminarO ser humano é assim, um poço com balde mas sem água para lá meter.