quarta-feira, 11 de novembro de 2015

opinião

Já tinha prometido a mim mesmo, que não voltaria a falar de política de uma forma entusiástica neste blogue, nem demonstraria a minha opinião de uma forma apaixonada e cega, até porque como as pilas, nas opiniões, cada um tem a sua. Mas há coisas que leio e que me deixam a ferver por dentro, e por mais que queira respirar fundo e ser uma pessoa calma e pragmática, não consigo ficar caladito no meu canto a fingir que não é nada comigo. 

Depois do anunciado acordo à esquerda, tudo é válido para justificar posições da PàF, da direita, dos mercados, da autoridade, da consolidação das contas públicas e das políticas europeias. Admito que o calor da discussão, por vezes os argumentos extravasem para o insulto fácil, ou para as explicações mais idiotas, ou apenas para uma revolta interior porque não se percebeu o resultado de determina acção. Eu próprio, sobre o vencedor das eleições de Outubro último e dos seus votantes, já disse que tinha a dizer e talvez tenha sido um pouco violento da forma como o escrevi, mas lendo as reações ontem, aqui e ali, em blogues e "feiceboques", percebi várias coisas. Percebi que agora "os gays vão conquistar o país e vão colocar a sua "agenda" em prática. Vão obrigar as crianças a ser adotadas e vão subir em flecha as violações de rapazes". Ou seja, os gays são conotados como "esquerdistas" e são conotados como comunistas e bloquistas.

Apesar de ser muitas das vezes inflexível, julgo que consigo ser um bom democrata. Falo, reclamo, bato o pé, expludo, digo mal, mas sei viver com a vontade da maioria. Vivi com um Sr. Aníbal Cavaco Silva durante dois mandatos presidenciais, embora não tenha votado nele. Aguentei a austeridade, aliás como todos nós, e apesar de não ter votado nela, aceitei-a como algo que traduzia a vontade da maioria da nossa sociedade. Não me recordo nas alturas mais extremadas, ter ouvido/lido que as mulheres ligadas ao PSD/CDS fossem "esganiçadas" e "que não serviam para nada". Desta vez ouvi. Aliás, não foi só sobre as mulheres. Diz o Pedro Arroja que "o aborto, o casamento gay, a adoção de casais homossexuais... divide". E afirma isto, porque na direita portuguesa, como em muitas direitas atrasadas deste mundo, a mulher é para estar em casa a cuidar dos filhos e os gays são projetos de homens que falharam. Aliás, um casamento é entre um homem e uma mulher. 

Se algumas dúvidas tive sobre onde se poderia incluir as questões LGBTI, ontem tive certezas. Tive certeza que para uma grande parte dos portugueses, a esquerda, ou a esquerda radical, apenas se preocupa com os "paneleiros, o aborto e legalização das drogados" e que isso não é importante. E na altura dos argumentos, políticos ou não, como tentativa de ofender, surge agora a velha nova máxima "não sou drogado, prostituto ou paneleiro". Curiosamente, também não sou nenhum desses estereótipos, mas ainda assim, mesmo se fosse drogado ou prostituto ninguém teria nada a ver com isso desde que não colidisse com a liberdade dos outros. E paneleiro... bom, como dizíamos na escola preparatória: "paneleiro é quem faz panelas"

5 comentários:

  1. Eu estou farto mas mesmo farto deste novela politica. O problema é que mais parece uma novela mexicana sem fim à vista.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Limite eu confesso (aqui que ninguém nos lê) que também já começo a ficar farto.

      Eliminar
  2. De facto estamos a viver um período de indignação muito grande. Promessas de aumentos das reformas e ganhas 60 Cêntimos enquanto que os migrantes levam casas e outros benefícios. O Estado habilita-se a pagar indemnizações pela não venda da TAP. Deveria ser este milhão a chegar-se à frente (antes deste circo, eu já defendia a venda da TAP e do Metro)

    A Promessa da Esquerda, mostra que afinal alguém ainda irá pagar uma factura mais alta... digo eu

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Francisco mas concordo contigo nisso. Também defendo a venda da TAP, da parte da SATA que pertence ao Governo Regional dos Açores e defendo a privatização da RTP. Sobre o metro já não concordo contigo. Acho sim, que as génese da empresa deve ser mudada para impedir aquelas greves dos maquinistas quase que criminosas, porque ganham bem e uns talvez, demasiado bem. Posso posicionar-me mais à esquerda na maioria das situações, mas isso não significa que noutras matérias concorde em tudo. Aliás, tanto que não concordo que não sou militante de nada.

      Eliminar
    2. Olhem, eu sou contra a privatização da TAP. Se aquilo não desse dinheiro, ninguém a queria. Vejam lá se alguém fala em privatizar a CP passageiros?
      Também sou contra a privatização da RTP, porque ainda é o canal televisivo menos parcial, e se é privatizado... é que vai de vez...

      Eliminar

Este blogue não é uma democracia e eu sou um ditador'zinho... pelo que não garanto que o comentário seja publicado. Mas quem não arrisca...