domingo, 29 de novembro de 2015

comportamentos

Na sexta-feira, no final da formação, quando a formadora se despediu (e quase chorou), alguns colegas quiseram dizer umas palavras. Eu fiquei calado. Aliás, tenho este comportamento muitas vezes, porque prefiro ser espectador, do que ator principal. Quem falou, reforçou a coerência do grupo, que apesar de ser todo distinto conseguiu esbater as suas diferenças. Três colegas emocionaram-se, e choraram, ao falar destes dois meses que estivemos juntos. Eu fiquei calado. Não chorei. Não fiquei indiferente, é certo, mas achei até que estava a ser demasiado e pensei: "Oh god, daqui a nada estamos todos a fazer terapia de grupo". Não sou insensível e até sou muito emotivo (a porrada que levei durante anos na escola, porque chorava por tudo e por nada - e porque era "demasiado sensível" para rapaz, o comprovam) mas achei que a vida não terminava ali e não era preciso tanto. A verdade, é que no final da formação foi a primeira vez que nos beijámos todos, apertámos as mãos e dêmos abraços. Não achei falso. Achei genuíno, até. A questão do contacto físico para mim é que é difícil. Sempre o foi. 

 No final, duas colegas que me acharam piada logo desde o dia 1, abraçaram-se a mim a chorar e eu disse: "Calma! Aqui ninguém vai para a guerra". Uma delas respondeu-me "Eu sou muito emotiva e sou uma pessoa mais de toque". E eu fiquei a pensar naquilo. Durante estes dois dias fiquei a matutar no assunto. Sinto-me resistente ao toque porquê? Ao carinho em público? Ao andar de mãos dadas, dar abraços ou beijos na cara? Terei medo que as pessoas me achem ainda mais sensível do que já consideram? E se for isso, será que isso me diminui em algo ou apenas vivo preocupado com imbecilidades? Fiquei sensibilizado por elas terem gostado de mim. Fiquei, até porque senti a mesma interação que todos sentiram, e irei  a falta que aquelas horas, mas a vida não terminou ali. Começou outro caminho apenas. E eu sou emotivo sim, embora muitas das vezes pareça um gajo snob ou uma pessoa alheada de todos. 

14 comentários:

  1. São grupos que nascem, e duram um certo período de tempo, Talvez se voltem a encontrar ou não lolololol

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  2. Oh! Como te compreendo e ajo exactamente da mesma forma... Isso não significa que não sejamos emotivos ou não sintamos as coisas, no entanto temos formas diferentes de reagir. Continuamos com as defesas bem activas e com múltiplas capas à mistura, fruto, principalmente, do passado, como tão bem referes. ;) És assim e pronto e quem te conhecer e gostar de ti, certamente que irá compreender.

    Olha vou fazer o CCP também no próximo ano! :p

    With fuck,
    Samantha Jones

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    1. Sam, vais gostar. Espero que calhes num grupo porreiro, senão é uma seca. Um bom grupo ajuda muito.

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  3. Acho que assim como eu tens medo de que, a partir do momento em que descubram o teu lado emotivo usem (e abusem) dele :(

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    1. Logan, isso é um trabalho que temos que fazer sozinhos... isto é: temos que nos tornar menos vulneráveis.

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  4. Não gosto de contatos físicos com pessoas que não tenho intimidade.
    Acho, que até crio uma barreira para que isso não aconteça facilmente. A primeira vez que me questionei sobre, foi quando fui fazer um trabalho voluntário em outro país e ao final recebi abraços sem esperar de alguns rapazes que participaram. A primeira reação que tive foi de me afastar um pouco, mas acabei cedendo. Onde cresci esse tipo de contato entre homens é rejeitado e mal visto. Acaba, que reajo da mesma forma tanto com homens quanto com mulheres.
    Como disse a Samantha acima, acredito também que seja resultado do ambiente ou coisas a serem vistas.

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    1. Dominus mas é algo que pode ser trabalhado e mudado em nós, se o quisermos obviamente.

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  5. Quase chorar por causa de uma formação? OMG deve de ter sido das boas :-p

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    1. LOL Limite, as pessoas por vezes criam laços e esses laços quando se cortam, deixam sempre uma sensação estranha.

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  6. Eu gosto de beijinhos. Sou um beijoqueiro de primeira... às vezes... LOL

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Este blogue não é uma democracia e eu sou um ditador'zinho... pelo que não garanto que o comentário seja publicado. Mas quem não arrisca...