segunda-feira, 21 de abril de 2025

homens bons

Não me considero católico, mas fui educado na cena. Acho que já fui agnóstico, ateu, e mais um par de coisas, mas desde que fui à Terra Santa, e visitei locais históricos - e comprovadamente históricos - assumi para mim mesmo, que sou um Cristão-Histórico-Crente. Ou seja, acredito que as pessoas mencionadas nalgumas partes da Bíblia, existiram mesmo, independentemente dos seus feitos, sendo que aquilo que mais interessará, é que aquelas pessoas tentaram sempre mostrar-se disponíveis para o próximo, para ajudar o próximo, para entender o próximo, para levantar o próximo, para não deixar o próximo cair numa espiral destrutiva, e mostrar que apesar das diferenças, somos todos iguais. Com fraquezas. Com erros e acertos. E que isso não deve invalidar-nos de forma alguma, porque seremos sempre um somatório das coisas boas e das coisas más. 

A mim, não me interessa saber, se a água foi transformada em vinho, ou se a cura de uma patologia foi um milagre ou não. A mim, o que importa saber, é que haverá sempre pessoas boas, pessoas que se interessam, pessoas que apesar de tudo, conseguem ver nos outros, coisas boas. E isto, colide com o que acredito verdadeiramente: faz aos outros, aquilo que gostariam que te fizessem. Porque um gesto bonito, gera outro gesto bonito. Um sorriso provoca outro sorriso. Um obrigado cria uma sensação de realização. E uma disponibilidade nunca se esquece. 

Assim, considero, que a pessoa que hoje morreu, líder de uma das maiores religiões do mundo, e de seu nome adotivo, Francisco, pensava um pouco assim. Era muito assim. Não se limitava a propagandear os cânones católicos, mas alertava para o óbvio. Para a nossa essência enquanto humanos. Para as nossas fragilidades, mas também para as nossas forças. Puxando por tudo aquilo que temos de melhor, mas criticando sempre que fosse necessário. Evidenciando, por vezes, a nossa falta de empatia com aqueles que nada têm, ou elogiando aqueles que simplesmente dão, mesmo que isso implique repartir o pouco que têm. De notar, os seus apelos mais sinceros, dos grandes aos pequenos gestos, puxando por vezes as orelhas àqueles que produzem a crítica fácil sobre os outros, mesmo desconhecendo a sua história ou percurso. Ao fim ao cabo, era parte da nossa consciência coletiva. Hoje morreu, acima de tudo, um homem bom. E é isso que devemos relembrar, daqui para a frente.      

3 comentários:

  1. Concordo contigo. Afetou-me muito a notícia. Porque ele era mesmo bom. E qd um homem bom morre, perde-se um pouco daquilo que ainda é humano na humanidade. Eu sinto que tb morri um bocadinho. E que quero ser bom como ele. Obrigado pelo teu post, que lhe presta uma excelente homenagem e que nos ensina tanto.

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