Ontem na SIC, vi uma reportagem sobre um esquema, onde sacavam milhares de euros a pessoas, através de um burla bem montada por moçambicanos. Um dos casos apresentados, era relativo a um senhor de 80 e tal anos, que tinha perdido mais de 30 mil euros, porque se "apaixonou" por uma moçambicana - que adotava várias características conforme o diálogo - e queria casar com ela. Conheceram-se no Facebook, e a moçoila era tudo aquilo que o outro lado precisava. Ora era enfermeira, ora estava a precisar de companhia, ora estava doente no hospital, ora afinal era menor, e o senhor se não pagasse não sei quantos euros, iria preso. E melhor de tudo: a pessoa não existia. Óbvio.
Não vou julgar quem foi enganado, até porque sei que a carência afetiva é tramada e todos nós, em maior, ou menor, escala já fizemos coisas estúpidas porque estávamos apaixonados. Encantados. Iludidos. Carentes. Whatever.
Ultimamente, tenho pensado muito nisto, até porque tenho algumas pessoas que me dizem que tenho de arranjar outra pessoa. Mas arranjar como? Tipo obrigação? E como farei a distinção entre um qualquer sentimento ou apenas uma carência qualquer? Sei lá. Não acho que as coisas são sejam assim tão automáticas, rápidas ou fatais. Para mim não são. Nunca foram. E tudo que envolve sentimentos é uma treta. Portanto, cá continuo na minha rotina casa-trabalho-ginásio, às vezes quebrada com amigos e algumas aventuras das quais me arrependo quase imediatamente, e só. Não sei se estou numa fase, assim tão emotiva, que me agarre já a qualquer homem que me apareça à frente, até porque estou tão desiludido com as pessoas, que quero distância do mundo. Mas consigo perceber, e consigo encontrar pontos de toque, com todos aqueles/as que se encontram numa fase da vida, que pretendem partilhá-la com outro/a, e assumo que por vezes apenas conseguimos ler os sinais da forma como os queremos ler, e não da forma que eles são. A propósito do date, do jantar que mencionei aqui, e que referi ter desmarcado, a pessoa mostrou-se preocupada comigo e voltou a perguntar-me se não estava disponível para algo mais que uma amizade - mesmo quando já lhe tinha dito que não. Claro que expliquei, de uma forma muito sucinta, o que se tinha passado comigo, em que fase estava e o porquê de querer só apostar em amizades neste momento. Acho que a pessoa acabou por ficar desiludida com o que leu, e talvez tenha percebido que a "vibe é só de amizade", era mesmo uma "vibe só de amizade", e portanto deixou de interagir. Compreendo. Mas eu fui honesto com ele, desde o primeiro dia que se avançou com convites. Não iludi. Não menti. E não deixei a coisa avançar no vácuo.
Claro que sobre os casos denunciados na reportagem acima mencionada, a história cheirava a esturro desde o primeiro minuto, mas quando nos sentimos mais frágeis é quando as coisas acontecem. E por mais atentos que estejamos, há sempre um risco real de cometermos erros. De não querermos ouvir as nossas pessoas, que estão fora do enredo, e portanto, conseguem ver as coisas com outros olhos. Que conseguem produzir uma análise fria, isenta e capaz de nos salvar de fazer (mais) merda. E mesmo sabendo isto, nos momentos (mais fortes e mais fracos) do nosso percurso humano, porque é que existem vezes, que vamos em frente, mesmo sabendo que vamos embater com a tromba numa parede e ficar feridos?
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