quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

armários

Não sou fundamentalista do “sair do armário” ou de “ficar lá dentro”. Sou apologista que cada um, procurará aquilo que for melhor para si, mais confortável ou mais correto em determinada altura da vida, sabendo que somos todos diferentes e que todos temos condicionantes igualmente diferentes. No meu caso muito pessoal nunca contei “sou gay!”. Sempre vivi no limbo porque achava que me mantendo reservado, me pouparia a muita chatice. Um dia, os meus pais e irmão descobriram. Ou seja, devido a um evento na minha vida tive que contar. Vi nos olhos deles (pais) a desilusão. A minha mãe só dizia “mas é com um homem??? Não te preocupes que alguma rapariguinha vai-te querer como és”. Ao contrário do esperado, o meu pai reagiu como se eu tivesse contado que “tinha perdido 10 euros”. Nos dias subsequentes, via que a minha mãe tentava reagir como podia e o meu pai, após ver uma reportagem televisiva disse ao almoço “os pais têm sempre que apoiar os seus filhos, aconteça o que acontecer”. Não foi, nem é um mar de rosas, pelo que não se fala nisso de forma aberta. Obviamente, no dia que me casar (e gostava de o fazer) a questão irá levantar-se... mas de outra maneira e será empolada ao máximo, e aí sim, será um drama. Até lá, não vivo preocupado… e até à data nunca lhes apresentei nenhum namorado. Não tenho gay escrito na testa e não acho que deva apresentar-me como “gay”. Tenho dois nomes próprios e uso os dois. Tenho amigos que sabem, outros não. E no trabalho, só o meu colega 50 anos que se assumiu recentemente (porque arranjou um “companheiro”) é que sabe, bem como o meu colega que me surpreendeu e cumprimentou na “Conga” e outro que vi por lá também.

E tudo isto a propósito do quê? Pois bem, o meu colega “congueiro”, o ano passado resolveu assumir-se no trabalho (foi a opção dele, não acho bem, nem mal). Desde então, tem sido um falatório que só visto… e como começou a almoçar todos os dias com outro colega, também ele gay, a malta agora diz que eles namoram. E toda a gente me vem com essa conversa… e eu reajo com um “são sejam maldosos. Se calhar não é bem assim. Lá por serem gays, não têm que forçosamente andar um com o outro. Há amizade nos gays também. Aquilo não é sexo entre todos”. Mas toda a gente me jura que é verdade. E eu sei que não é. Porque estavam os dois na Conga, não estavam juntos e o outro que me cumprimentou por lá, arranjou um engate em 5 minutos e teve uma saída técnica. 

Entretanto, a conversa sobe e desce pelas escadas, pelo elevador, circula pelo café… são algumas mulheres a suspirar porque ele é “interessante e jeitoso” e é um “desperdício”, é a evangélica a "chorar" “porque tem nojo de gays” e aparentemente teve que riscar o nome do rapaz da sua lista de possíveis noivos, é a minha Chefe a dizer-me “ele é mesmo gay acredita”, é o meu colega a dizer “ele é maricas” e a outra colega a afirmar “ele não é nada de especial, ainda bem que é gay”.  É por estas e por outras, que estou calado no local de trabalho.

22 comentários:

  1. Disseste tudo.
    O meu pai tb sempre fez comentários de aceitação quando via programas na TV. Nunca lhes contei mas sei que sabem.
    Quanto a colegas de trabalho acho completamente desnecessário. Só pode causar chatices. Além disso, os colegas "open minded" acabam por perceber e ser cúmplices. Os outros estão tão enganados sobre o que é ser gay que não enxergavam nem que lhes fosse ao cu.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Acho que já há tanto motivo para falarem, que não vale estar a alimentar mais o falatório... além de que há gente muito estúpida que depois anda por lá a mandar bocas foleiras. E ao fim ao cabo, também ninguém tem nada a ver com isso.

      Eliminar
  2. também acho que é assunto desnecessário no ambiente de trabalho.. eu também não ando a anunciar as relações que tenho!
    há pessoas que sabem porque, além de colegas de trabalho, são amigas. os outros podem desconfiar pelas conversas que por vezes temos...

    em tempos tive uma colega que suspeito que seja lésbica... dou-me bem com ela, chegamos a conviver extra trabalho e a sexualidade dela nunca foi mencionada porque não interessava! tão simples como isso!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu acho que as pessoas fazem isso também para se exibirem... e com ele e conhecendo o que conheço dele, adora meter-se em bicos de pés para ser notado...

      Eliminar
  3. Nem vale a pena contar no meio laboral, não vale a pena mesmo

    não és aumentado, só aumenta os falatórios a teu respeito e com quem dormes

    lololol

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mas no fundo eu acho que ele até gosta que falem dele Francisco...

      Eliminar
  4. Concordo que o trabalho é trabalho. Por vezes, as relações estravasam o colega de trabalho, mas isso aí será diferente...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Horatius, cada um fará o que quiser. Eu prefiro não misturar as coisas, até porque já sei como as coisas são. Imagina que tinhas um chefe gay e sabiam qu eras gay? Já estou a ver os comentários se fosses promovido pela tua competência...

      Eliminar
    2. Ai se eu tivesse um chefe gay (e jeitoso). Ia usar os meus dotes de sedução (não ia longe, lol)

      Eliminar
    3. lololol Leonel muito me contas lololol

      Eliminar
  5. Poderia escrever muito mas não é necessário, dos bloggers és um dos que me conhece há mais tempo, e no meu nunca escrevi nada que me identificasse com gay ou heterosexual. Recentemente alguém da blogosfera que perguntou se eu era, numa primeira fase fui igual a mim mesmo, metáfora ao de cima, depois uns dias mais tarde, disse sem rodeios. Já me disseram que era ambíguo, já tive que dizer a uma amiga por causa de sentimentos não correspondidos, e isto tudo para te dizer que "sair do armário" tem sentido quando a vida assim o pede. :-)

    ResponderEliminar
  6. Absolutamente desnecessário só pelo simples motivo de ser muito rapaz de mim próprio. Conto a quem quero e quando quero. Confrontos comigo é logo um não serrado. Voltamos a conversa habitual: Mas alguém anda ai a perguntar: olha desculpa és hetero?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Há pessoas que perguntam Ricardo lolol para terem a certeza lolol

      Eliminar
  7. eu acho que deve-se contar quando se vê mesmo necessidade de tal, caso contrário age-se normalmente.

    eu contei no trabalho que estava antes deste a três amigos e todos reagiram super bem, na altura foi a melhor coisa que podia ter feito com a amizade que tinha com eles, mas até hoje só contei umas cinco vezes, as outras pessoas sabem todas porque foram descobrindo normalmente pois eu não tenho que andar a contar :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Certo Aaron acho que fizeste bem, se sentiste essa necessidade. O meu colega resolveu contar à empresa toda lol, mas pronto... são posturas e cada um tem a sua.

      Eliminar
  8. No dia em que vir alguém a comunicar que é hetero pensarei em comunicar, com igual pompa e circunstância, que sou gayolla.

    ResponderEliminar
  9. Acho que é uma opção que deve ser tomada de forma livre e ponderada. Um dos meus maiores receios é não aconteça dessa forma comigo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pois, às vezes há momentos e situações que não controlamos.

      Eliminar

Este blogue não é uma democracia e eu sou um ditador'zinho... pelo que não garanto que o comentário seja publicado. Mas quem não arrisca...