segunda-feira, 27 de outubro de 2025

rejeições

Sempre vivi mal com a rejeição. E dentro do universo gay, pior. Será que era demasiado feio (não que seja bonito agora, mas já aprendi a ver as coisas de outra forma), chato, ter um corpo de treta, pobre ou parvo? Quando levava uma nega, queria sempre saber o porquê, e era tão chato nisso, até perceber o motivo e a sua validade, que acabava sempre por ser ignorado, ou na pior das hipóteses, bloqueado de alguma forma. Bem sei que abuso neste campo, e torno-me um bocado incómodo para o outro lado, mas como não sei lidar... com a tal rejeição, parece que tenho uma necessidade imperial de querer saber os meus defeitos, e as razões, que levam as pessoas a afastarem-me.  Também não sei se o faço, para tentar corrigir-me, mudar-me ou simplesmente perceber o quão deslocado estou do mundo. Mas a verdade, é que não devemos deixar de ser quem somos, só para agradar aos outros, porque cada um é como é. 

Neste último ano, além de estar solteiro, deve ter sido o período, que mais "negas" recebi de gajos, quando convidei para sair. Eram pessoas que já conhecia do Instagram faz anos, e que nunca tinham passado para o plano real, por motivos óbvios. Mas como havia (achava eu) algum interesse para conhecer a pessoa além das fotografias, e precisando eu de ouvir outras histórias - para me esquecer da minha, convidei alguns gajos para beber um copo ou café. Desses convites, dois aceitaram, e desses, um acabou por ficar na minha vida "real" e ser meu amigo. Se isto me tivesse acontecido aos 21, acho que teria ficado depressivo durante, pelo menos, 20 séculos, mas aos 45, há que aceitar um "não", saber geri-lo e acima de tudo desvalorizar. 

Desvalorizar sim, porque nunca saberemos o real motivo da rejeição, até porque este, às vezes, pode ser tão fútil, como a questão de ter ou não ter cabelo. Ou porque tens os olhos castanhos, e as pessoas têm panca por olhos azuis. Ou porque querem musculados e tu és "apenas" fit. Ou então, como é o meu caso, apenas estou numa fase onde quero estar sozinho, curtir as minhas dores, viver os meus dramas em paz e tentar mudar de vida. Como diz a canção "muda de vida, se não te sentes satisfeito". É o que estou a tentar fazer. É certo que neste meu percurso, posso perder algumas pessoas fixes pelo caminho, mas também evito desilusões. E talvez, todas as respostas negativas que recebi, foi o Universo a querer dizer-me algo do género "essas pessoas não prestam para a tua vida".  

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