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Conheço uma pessoa, que conheci pelo mIRC, na Idade do Gelo. Na altura, achava piada ao facto de me dar desprezo e de recusar os 1523 convites para café, que lhe fiz (número arredondado LOL). Depois com o tempo, fui-me fartando. Percebia quando me dizia que não era gay, embora estivesse sempre batido no mIRC no canal #gay. “Apenas gosto de conversar com gays” – dizia-me. Aceitava isso, como um processo natural de assumir para ele próprio o que era, e percebia, que cada um faz o seu caminho - e não devemos julgar, porque precisamos do nosso tempo, para “arrumar a cabeça”.

Dizia sempre, sublinhado mesmo quando não era preciso, que gostava imenso de sexo com mulheres… mas que os homens lhe davam tusa. Que lhe provocam formigueiro por dentro e que o deixavam ereto de prazer. Mas nunca queria experimentar, nem conhecer ninguém ao vivo – quiçá com medo que isso lhe acelerasse o processo, não sei.

Há uns dias falámos novamente. E é curioso, como as pessoas se demitem de seguir a sua vida e se justificam, “que uns procuram casar e ter família”, e outros, adoram ser solitários e que “querem viver solitários para sempre”.

Da experiência de vida que tenho até ao momento, a solidão é uma treta. Mesmo o mais eremita dos eremitas, precisa de alguém. Nem que seja para falar banalidades, ou que nos ajude, quando o desespero nos domina. Aliás, sempre me ensinaram na escola, que o Homem é um animal social. Uns mais animais, que outros, é certo, mas social.