caça às bruxas

Posso dizer que aquilo que mais me chocou no Holocausto não foram as mortes. Ou melhor, obviamente que estas me chocaram. Não fiquei indiferente e tenho pena de não ter feito nada, mesmo que não fosse vivo na altura. Mas mais que aquela mortandade toda, o que efetivamente me revoltou, foi a postura dos judeus, colaboradores dos Nazis, que tinham a missão de encontrar outros judeus, e estes sim, enviados para campos de concentração. A bom rigor, e a grosso modo, estou a simplificar algo que é complexo, mas a verdade, é que os Nazis, com a fobia de deixar escapar quem quer que fosse, tinham inúmeras artimanhas. Fosse pela constatação da circuncisão, em que obrigam os homens a despir-se onde fosse, fosse também pela “contratação” de judeus que ajudavam a identificar e marcar os seus semelhantes, como já foi referido. Em troca, recebiam a proteção Nazi e gozavam da sua vida fora da morte, se é a que aquilo se poderia adjetivar desse modo. A maioria da culpa da recessão económica da Alemanha era dos Judeus. Ponto assente. O prefácio perfeito que permitiu eliminar precocemente almas da terra, substituindo-se o destino, Deus ou que que se quiser chamar.  

Tudo isto, porque também li, o que um sujeito chamado “Bagão Félix” e outro suprassumo da economia, mas que não acerta uma – “César das Neves”, subscreveram – sendo dos primeiros carneiros a fazê-lo - um abaixo-assinado, que identificava, entre outras coisas, o casamento entre pessoas do mesmo sexo como o catalisador da crise, que atualmente vivemos em Portugal. Este procedimento fez-me sentir um “mau judeu”, onde os meus semelhantes (como homens, como portugueses, como cidadãos do mundo), tentam, furtivamente, fazer soltar da "toca" - com o objetivo de enviarem para campos de concentração com o intuito de mostrar a morte - todos aqueles que não são católicos, de extrema direita ou heterossexuais. Como se os problemas, que partilhamos, pudessem advir de um casamento, que mais não é, do que um contrato. Como se os negócios ruinosos do Estado, e muitos deles no reinado do Ministério tutelado pelo então “Bagão Félix” gozasse de uma qualquer imunidade histórica. Assusta-me esta caça às bruxas. O que virá a seguir? Os amarelos? Os azuis? Os verde-lima?

Não nos podemos esquecer, que o Holocausto não incidiu exclusivamente sobre Judeus. Foram assassinados muitos homossexuais. Foi uma temporalidade de terror, que pelos vistos não ensinou nada a quem depois derivou, e que hoje, tenta voltar a cometer o mesmo erro.